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Mônica: Dilma tinha pleno conhecimento de caixa 2 em sua campanha

Com pagamentos em atraso, ex-presidente sempre se dizia "disposta a ajudar"

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 Maio 2017, 17h06

Dilma Rousseff tinha “pleno conhecimento” de como a Odebrecht atuava, em sua campanha, para quitar dívidas, por meio de caixa dois, ao casal João Santana e Mônica Moura. A revelação foi feita pela própria Mônica em acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava-Jato. A petista sempre tentou se desvincular de irregularidades no sistema de arrecadação nas eleições que disputou, mas o detalhamento feito por Mônica Moura e as provas que ela apresentou aos procuradores que atuam na investigação jogam por terra o discurso de defesa de Dilma.

De acordo com os depoimentos de Mônica Moura, por ordem de Dilma, cabia ao então ministro Guido Mantega negociar os valores a serem pagos no marketing da corrida eleitoral de 2014. Mantega, apelidado de “Laticínio” nos registros da delatora – um trocadilho com “manteiga” – fazia questão que as conversas ocorressem sempre em sua residência oficial, em Brasília. Em uma das reuniões sobre o tema, foi acordado que João Santana receberia 105 milhões de reais pelos serviços da campanha, sendo que 35 milhões de reais deveriam, necessariamente, ser quitados por meio de caixa dois.

Para consolidar a transação, Mônica relata, em sua delação, que Mantega a orientou a procurar a empresa Odebrecht para quitar a parcela de caixa dois combinada. Os detalhes dos pagamentos irregulares, disse a delatora e sócia de João Santana, foram negociados com Hilberto Mascarenhas e Fernando Migliaccio, dois executivos que atuavam no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, nome pomposo para o setor de propinas da empreiteira. Parte dos valores seria repassada no Brasil. Outra, a uma conta no exterior.

Em hotéis e flats no Brasil, João Santana e Mônica Moura receberam 10 milhões de reais dos 35 milhões de reais acordados. O restante, que seria enviado pela Odebrecht ao exterior para quitar o débito, nunca foi pago. Motivo: a Operação Lava Jato ganhava corpo e o conglomerado comandado na época por Marcelo Odebrecht temia que fossem fornecidas informações da Suíça que ligassem a companhia ao casal de marqueteiros.

Diante do calote de 25 milhões de reais, João Santana, que usualmente tratava da parte criativa no marketing, e não de assuntos financeiros, assumiu o papel de “cobrador oficial” do passivo junto à própria Dilma Rousseff. Mônica Moura também aproveitava intervalos de gravações para cobrar de Dilma a dívida. A petista sempre afirmava estar disposta a ajudar e, segundo Mônica, “desde o início, tinha pleno conhecimento de que a Odebrecht ficara responsável pelo pagamento não oficial”.

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