Ministros do STF defendem retomada da civilidade e harmonia entre Poderes
Sob ataque na gestão Bolsonaro, Barroso e Lewandowski propuseram o fim da polarização como meta para pacificar o Brasil nos próximos anos
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso defenderam neste sábado, 26, que o Brasil inicie um processo de retomada da civilidade e fim da polarização para pacificar o país nos próximos anos. As declarações foram dadas durante o Fórum Esfera Brasil, realizado no Guarujá (SP), que debateu os desafios para o governo recém-eleito de Luiz Inácio Lula da Silva na política, economia e desenvolvimento.
Para uma plateia de empresários, Barroso destacou a importância de que a população brasileira volte a agir de forma civilizada, sem as ofensas, notícias falsas e ataques vistos antes e durante o período eleitoral. “Precisamos retomar, antes de mais nada, pressupostos civilizatórios. As pessoas precisam voltar ser capazes de conversar, colocando ideias na mesa sem ofender as outras pessoas”, declarou.
O ministro foi bastante aplaudido pelo público ao emitir sua opinião sobre as falsas narrativas que se fortaleceram e estremeceram a confiança nas instituições nos últimos anos. “Mentir precisa voltar a ser uma coisa errada. Não há segurança quando as pessoas agem sem boa-fé”, disse Barroso.
Ao longo do governo de Jair Bolsonaro (PL), o STF e seus ministros foram alvo de ataques do presidente e seus apoiadores. Neste mês, abordado na rua por um bolsonarista que questionou o resultado das eleições, Barroso rebateu e disse: “Perdeu, mané, não amola”.A fala viralizou e o ministro depois reconheceu que a frase não tinha sua cara, mas ressaltou a importância de se respeitar a escolha do povo.
Em outro painel, Ricardo Lewandowski tratou de desafios como o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da educação no Brasil, e começou sua fala abordando que os brasileiros terão de abraçar, conjuntamente, a tarefa de “pacificar o país e superar a polarização exacerbada pela campanha eleitoral e também pelas mensagens de ódio e fake news.” E completou: “Temos que deixar isso para trás e viver o novo momento.”
Lewandowski, que terá que se aposentar no ano que vem e tem sido ventilado como um possível ministro do terceiro governo de Lula, abordou ainda a necessidade de que se encerrem as intrigas entre os três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. “É preciso restabelecer a harmonia entre os Poderes sem que eles percam a independência”, completou o magistrado.