O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou nesta terça-feira que o governo usará o corte de gastos do Orçamento como instrumento para conter a valorização do real frente ao dólar. A intenção de realizar o contingenciamento já foi anunciada por outras autoridades da nova equipe econômica, como a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. No meio da tarde, ao avisar os jornalistas que faria um pronunciamento sobre o câmbio, o mercado chegou a especular o possível anúncio de medidas emergenciais para conter a apreciação da moeda brasileira. Contudo, nenhuma resolução deste tipo foi anunciada.
O corte de gastos, se de fato for realizado, abre espaço para que a equipe econômica reduza as taxas de juros. Com isso, a tendência é que menos dólares migrem para o país em busca de rendimentos maiores, o que interromperia o movimento de desvalorização da moeda norte-americana no mercado interno.
“Essa ação vai ajudar a política anti-inflacionária do Banco Central para que ele possa, quando achar possível, reduzir os juros no país de modo que atraia menos capital externo”, disse Mantega.
Segundo o ministro, os detalhes do contingenciamento ainda estão sendo estudados:”Essa redução está sendo feita a partir de um estudo minuncioso de cada ministério. Não é um corte linear, porque não seria racional. É melhor fazer uma solução qualitativa, sem prejudicar as ações principais de cada ministério”, declarou.
Mantega acrescentou que os projetos de interesse do governo serão preservados. “Os projetos prioritários continuam, e os que são menos prioritários poderão ser adiados, atrasados ou implementados num ritmo mais lento”, afirmou, em entrevista coletiva.
Juros – O ministro também afirmou que, em janeiro, enquanto a dimensão do corte não é definida, os ministérios estão autorizados a gastar apenas o mínimo necessário. Não permitiremos que o dólar derreta”, declarou.
Mantega atribuiu a desvalorização do dólar à recuperação da economia americana. Na visão dele, a melhoria nos índices incentiva os investidores a diversificar as aplicações. Como consequência, a compra de dólar deixa de ser uma das opções mais interessantes do mercado.
Nesta terça-feira, o dólar chegou ao menor patamar em dois anos: a moeda americana fechou o dia cotada em 1,649 real. A valorização do real desfavorece as exportações e ameaça o desempenho da indústria do país.