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‘Jamais vou aceitar apoio do Progressistas ao governo’, diz Ciro Nogueira

O presidente do PP tenta se descolar de negociações de seu partido com Lula e diz que só conversa com o petista depois que ele deixar o Planalto

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jul 2023, 09h13

Dirigente do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) mantém em seu escritório, quase em tamanho real, um totem de Jair Bolsonaro. A estátua de papelão não raro pega de surpresa quem chega ao local, tamanha a similaridade com o ex-presidente da República. A homenagem também representa a fidelidade que Nogueira, ex-ministro da Casa Civil, diz ter a Bolsonaro. E é com base nela que ele garante que “jamais o trairá”, o que justifica o fato de o seu partido não aderir oficialmente ao governo Lula.

Nada impede, porém, que deputados de sua legenda o façam. Nos últimos dias, cresceu a pressão do PP para ocupar a Esplanada dos Ministérios. Nogueira diz que não vai criar nenhuma barreira ao movimento, creditado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Mas jura que, com Lula, só conversa depois que ele deixar o Planalto. O motivo: “Eu prefiro não encontrar o presidente do que dizer um ‘não’ a ele”.

Confira outros trechos da entrevista concedida a VEJA na última quarta-feira (12):

Deputados do Progressistas estão pleiteando um ministério. O partido vai aderir ao governo Lula? De forma nenhuma. Eu jamais vou aceitar qualquer tipo de apoio dos Progressistas ao governo – seja agora, seja nas eleições futuras. Isso eu lhe dou a palavra: jamais vai acontecer um apoio nosso a esse projeto do PT.

Mas ocupar um ministério não significa virar base aliada? O que está ocorrendo é que a bancada da Câmara quer indicar o cargo. Aí vai ser uma indicação total, talvez com a chancela do Arthur [Lira], do grupo que apoia o governo na Câmara. Mas jamais com a minha chancela, não tenho nenhuma participação nisso, nem vou ter.

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O senhor publicou um artigo na Folha de S. Paulo dizendo que ‘temos de colocar em prática nossas ideias, de preferência no governo’? O que quis dizer com isso? Um exemplo: chegou o arcabouço fiscal. Ao invés de nos levantarmos contra o texto, nós o melhoramos. Nós indicamos o relator [o deputado Cláudio Cajado, do PP], que melhorou absurdamente a matéria. A diferença é que no governo anterior a gente tinha o PT que era contra tudo e contra todos. Hoje não, a gente senta. A gente senta com o [Fernando] Hadadd, a gente senta com as pessoas para tentar melhorar os projetos. Nós não vamos deixar para fazer as coisas só daqui a três anos, quando voltarmos ao governo. O que nós pudermos melhorar agora, vamos fazer. Mas sem a menor participação no governo, isso eu sou contra. Por mim, o partido não indicaria cargos, já que eu vou estar na oposição em 2026 com o meu partido, pode ter certeza.

O senhor se diz contra as indicações. Como presidente do partido, não poderia impor barreiras a elas? Eu não vou vetar, nem proibir, nem nada disso. Agora, existe uma coisa bem clara: não falem em nome do partido. Aí eu vou ter de reagir. Não podemos jamais dizer que o partido vai apoiar o PT, que está indicando cargos, porque não está. Esse processo se dá pelo Arthur.

De que maneira esse movimento ajuda o Arthur Lira a conduzir os trabalhos na Câmara? O governo não tem base política. A base do governo depende do Arthur. Acho que o Arthur quer tirar essa responsabilidade dele de toda hora estar tendo de convencer os deputados a votar. Porque tudo o que foi aprovado foi graças única e exclusivamente ao apelo do presidente da Câmara. Está todo mundo: ‘Está bom, Arthur, estamos votando por sua causa’. Mas e aí?

A adesão, por outro lado, não pode tirar o poder dele sobre os parlamentares? Eu acho que não. Porque com esse poder ele não vai conseguir ficar os quatro anos aprovando matéria só com apelos a deputados, né?

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Há alguns meses o Lula tentou uma aproximação com o senhor. Já houve uma conversa entre vocês? Nem aconteceu nem vai acontecer. Eu falo com o Lula no dia que ele largar a Presidência.

O senhor não está sendo muito rígido? É o seguinte: eu gosto muito do Lula, eu sei que ele gosta muito de mim. Ele não vai querer encontrar para bater papo comigo. Ele vai querer encontrar para que eu apoie o governo e apoie o projeto futuro dele. Eu não vou fazer isso, eu não vou trair o presidente Bolsonaro. Então, eu prefiro não encontrar o presidente do que dizer um ‘não’ a ele.

O ministério que foi pedido pelo Progressistas é o do Desenvolvimento Social, que tem à frente Wellington Dias, seu adversário político. Essa troca seria um gesto ao senhor? Eu não participei dessas negociações, não solicitei isso. Só quem pode dizer isso é o governo. Fico de fora porque vai parecer que eu trabalhei para que isso ocorresse, e eu não o fiz.

O senhor segue trabalhando pela candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, em 2026? Sim, claro. O plano A é ele.

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