Na Câmara dos Deputados, o assunto da tarde desta terça-feira, 26, foi a decisão do ministro da Economia, Paulo Guedes, de cancelar a ida à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde era esperado para discutir a reforma da Previdência. Presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse que Guedes “achou que não teria apoio do plenário e preferiu não vir”.
“Eu disse a ele: ‘Ministro, o senhor já deu demonstrações de que respeita o Parlamento brasileiro. Se sua decisão for essa, eu, pessoalmente, como presidente da Câmara, vou respeitar e vou conversar com os líderes partidários para que a gente encontre uma outra data para que você possa continuar debatendo'”, afirmou Maia, em entrevista coletiva.
A líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), disse que Paulo Guedes desmarcou sua participação na CCJ “por um motivo simples: o relator da nova Previdência ainda não foi escolhido”.
Parlamentares da oposição criticaram a ausência do ministro. Líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta (RS) afirmou que Guedes “fugiu” e que a oposição já tem a quantidade de votos necessárias para derrotar a proposta na Casa. “Bastou Paulo Guedes saber que a oposição estava toda reunida – e já tem 2/3 dos votos que precisamos para enterrar a proposta de Bolsonaro para destruir a previdência social no Brasil – para ele fugir da audiência na CCJ da Câmara”, diz em sua conta no Twitter.
Marcelo Freixo (PSOL-RJ) lamentou a ausência de Guedes e disse que ele e a colega Talíria Petrone (PSOL-RJ) pediram a convocação do ministro. “Qualquer governo minimamente democrático tem a obrigação de dialogar com o parlamento”. Se o requerimento for aprovado, o titular da Economia passa a ser obrigado a comparecer.
Os líderes da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), e da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), estão coletando assinaturas para que a ida ocorra já nesta quarta, 27. “O ministro pode ir se preparando: já estamos recolhendo as assinaturas para convocá-lo para a sessão de amanhã”, disse Molon.
A ida de Guedes à CCJ estava prevista para que ele desse explicações aos parlamentares sobre a reforma da Previdência. Maia afirmou que, antes de votar o projeto, conversará com o ministro sobre a possibilidade de ele ir à Câmara e ser recebido pelos deputados. “Dentro do meu quadrado, todo o meu apoio a tramitação e a aprovação da reforma da Previdência”, disse.
Quando foi marcado o encontro no dia 20 deste mês, era esperado que já houvesse um relator nomeado para o projeto. Como isso não ocorreu, o ministro desistiu de comparecer à comissão. O líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento (BA), disse que Guedes está certo em aguardar a designação do relator para ir à CCJ. “Acho mais coerente”, avaliou.
Para Nascimento, o ideal agora seria que o relator da PEC na comissão especial fosse alguém da base do governo, ou seja, alguém do próprio PSL, partido de Bolsonaro. Maia também afirma que o relator deveria ser alguém do PSL.
(Com Estadão Conteúdo)