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Governo rejeita proposta de leniência da construtora OAS

Para a Transparência, empresa não foi capaz de entregar novas informações às autoridades; TCU investiga ministério por supostos benefícios indevidos

Por Da redação
10 mar 2017, 09h22

O Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU) negou proposta da OAS para firmar com o governo um acordo de leniência – uma espécie de delação premiada para empresas. A pasta concluiu que a empreiteira não colaborou efetivamente, deixando de apresentar novas provas para desvendar os esquemas de corrupção na Petrobras e outros órgãos federais, um dos requisitos legais para que se chegue a um entendimento.

Com isso, o Ministério mandou reabrir, em novembro, processo de responsabilização que pode resultar na declaração de inidoneidade da empresa e na proibição de participar de novas licitações públicas. Os procedimentos adotados pela Transparência durante a negociação do acordo com a OAS estão sendo questionados por uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). A fiscalização constatou que, embora a proposta tenha sido rejeitada, o governo concedeu, indevidamente, benefícios à empresa durante as negociações, que se arrastaram por um ano e meio. O tribunal apura possível favorecimento indevido também em outros casos no âmbito da Operação Lava Jato.

Relatório técnico da corte diz que a Transparência firmou um memorando de entendimento com a OAS em março de 2015, no qual oficializou as negociações do acordo. O documento, segundo os auditores, contém cláusulas que, na prática, atestam “a possibilidade de a empresa obter créditos e subsídios” de bancos e outros órgãos da administração pública federal, embora seja suspeita de desviar recursos públicos. Conforme fonte da pasta, esse mesmo tipo de cláusula consta dos memorandos assinados com outras empreiteiras alvo da Lava Jato.

A OAS enfrenta grave crise financeira e está em processo de recuperação judicial. A empreiteira buscava a colaboração com o Executivo federal como forma de evitar punição e pavimentar uma saída para a crise.

Investigação

A auditoria do TCU diz também que a Transparência notificou a Petrobras indevidamente para que suspendesse a apuração de irregularidades da OAS. Outro efeito do memorando foi a paralisação provisória de investigações em curso na própria pasta, sem que os prazos de prescrição das irregularidades deixassem de correr.

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O relatório da corte propõe que o ex-ministro e ex-secretário executivo da pasta Carlos Higino Ribeiro de Alencar, que exerceu as funções no governo Dilma Rousseff, e o então secretário-geral de Consultoria da Advocacia-Geral da União (AGU) Fernando Luiz Albuquerque Faria sejam ouvidos em audiências para explicar as supostas ilegalidades. Eles foram, segundo o TCU, os responsáveis por autorizar os benefícios supostamente indevidos. Os auditores também sugerem que a Transparência seja proibida de suspender investigações, na forma como ocorreu.

Ao analisar o caso, o procurador do Ministério Público de Contas Júlio Marcelo de Oliveira, que atua perante o TCU, pediu a apuração de responsabilidades. “Os responsáveis criaram do nada uma espécie de medida cautelar em favor da empresa que apenas manifestou interesse em colaborar, sem nada de concreto apresentar, contudo”, escreveu, em parecer concluído no fim do mês passado.

Os ministros do TCU julgariam o caso na quarta-feira, mas o processo, que corre em sigilo, foi retirado de pauta.

Rejeição

A comissão do governo que analisou a proposta concluiu que a OAS apresentou documentos e informações que já eram de conhecimento de investigadores. Por isso, entendeu que ela “pouco tem a oferecer como contrapartida”, seja porque “as irregularidades existentes foram identificadas e comprovadas”, seja porque “não tem interesse em admitir o cometimento de infrações, com a apresentação de provas ainda desconhecidas pelo poder público”. O relatório foi enviado à AGU e à Secretaria Executiva da Transparência, que concordaram com as conclusões.

O Ministério da Transparência informou que, “em razão do sigilo imposto pela Lei Anticorrupção, não se manifesta sobre nomes de empresas e detalhes dos processos administrativos em andamento”, como o acordo da OAS. A empreiteira também informou que não comentaria o caso.

A reportagem procurou Fernando Luiz Albuquerque Faria por meio da assessoria de imprensa da Advocacia-Geral da União (AGU). “Não houve qualquer citação formal ou mesmo conhecimento do teor do relatório de auditoria, o que impede, neste momento, qualquer manifestação”, respondeu o órgão.

Ex-secretário executivo da Controladoria-Geral da União (CGU), Carlos Higino Ribeiro de Alencar informou que não se pronunciaria sobre a auditoria, mas reiterou declarações já feitas. Ele alegou que não há qualquer irregularidade na suspensão de processos de responsabilização e que esse e outros procedimentos seguiram orientação das comissões de investigação, formadas por servidores de carreira, sem violação de normas. “Tenho absoluta convicção de que os procedimentos adotados por todos os ministros foram absolutamente de acordo com a lei”, afirmou.

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(Com Estadão Conteúdo)

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