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Encantada pelos holofotes, Marta Suplicy estreia no Senado

Vice-presidente da Casa, senadora protagoniza saia-justa com ex e com Sarney

Por Marina Dias
14 fev 2011, 07h04

“Primeiro você entende o jogo. Depois, cria suas estratégias”

Desde que retomou suas atividades, em fevereiro, o Senado realizou sete sessões ordinárias. Em duas delas, nos dias 3 e 8, a paulistana Marta Teresa Smith de Vasconcelos Suplicy, de 66 anos, sentou na cadeira do veterano José Sarney (PMDB-AP), 80, que preside a Casa pela quarta vez. Eleita vice-presidente do Senado em seu primeiro mandato, é a substituta imediata dele. Pleiteava o prestigioso posto desde o início do ano, assim como o também petista José Pimentel (CE). Para encerrar o impasse, a bancada do PT decidiu estabelecer um rodízio entre os dois e Marta conquistou o direito de ocupar o cargo já este ano. Parece que a função lhe saiu melhor que a encomenda. “Esse cargo dá visibilidade, não é mesmo?”, disse ela nesta semana, feliz, a um colega.

“Houve um acordo”, afirmou a senadora na noite da última quarta-feira, em Brasília, quando deixou de comer alguns pedaços de kiwi milimetricamente cortados para receber a reportagem do site de VEJA em seu gabinete. Marta não havia almoçado em razão das mais de cinco horas que passou na sabatina do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Mesmo assim, preferiu beber apenas um copo de água enquanto explicava como chegou ao posto.

Sem titubear, Marta sacramentou o motivo da preferência por ela: “Foi pela questão de gênero”. Com isso, outros petistas também concordam. É simbólico, no governo Dilma, colocar uma mulher na vice-presidência do Senado. “Em termos de qualificação, não havia melhor ou pior, mas ficaria feio para a bancada do PT escolher um homem quando tinha a possibilidade de transformar em ações concretas a fala da presidente, que pediu protagonismo feminino em seu governo”, explicou a senadora.

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Pelo regimento do Senado, porém, mesmo que renuncie em favor de Pimentel, será necessário convocar outra eleição para escolher o novo vice-presidente da Casa. Marta garante que cumprirá sua parte, mas afirma que “não foram fechados acordos prévios com a base” e que o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, pretende avaliar o assunto “no devido momento”. Outros petistas argumentam que, obviamente, está tudo fechado com a base aliada para que Pimentel seja eleito vice-presidente do Senado em 2012. Ou Marta esconde um trunfo ou não soube como os acordos funcionaram no Senado.

Estratégia – A senadora terá um ano – este é o prazo acordado no rodízio – para demonstrar a que veio. Ela diz que defenderá projetos que envolvam a erradicação da pobreza e que lutará pelas reformas política e tributária – há anos na pauta do Congresso sem nunca sair do papel. “A política é a mais importante e precisa anteceder a todas as outras”, diz ela. Para marcar o início do mandato, contudo, Marta tirou da gaveta uma antiga proposta, o projeto de lei que torna crime a discriminação contra homossexuais, e que tramita há mais de cinco anos no Senado. Faz sentido. Sua trajetória é marcada pela defesa das mulheres e das chamadas minorias. “Irei mapear os senadores contra e a favor e aí sim traçar um estratégia para conseguir a aprovação do projeto”, explicou.

A “questão feminina” entrou ainda de outra forma nas primeiras intervenções de Marta no Senado. No último dia 8, quando Sarney anunciou que encaminharia uma mensagem com as indicações dos novos embaixadores à presidente da República, Marta o corrigiu no microfone: “Presidente, não. Presidenta”. A réplica foi elegante (“As duas colocações estão corretas”, disse Sarney, vou usar a forma francesa, Madame le Président”), embora não precisasse ser: não há lei que obrigue ninguém ao uso da palavra presidenta. Excessos de zelo à parte, a verdade é que mesmo a senadora terá de se condicionar ao uso da nova nomenclatura. Durante a entrevista ao site de VEJA, Marta repetiu “presidente Dilma” por duas vezes.

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Além do episódio, a senadora também chamou atenção ao cortar o microfone do ex-marido, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), após um discurso que julgou muito longo. Categórica, diz que faria tudo de novo e que vai prosseguir com rigor quando estiver presidindo as sessões no Senado. “O Eduardo não reclamou, até porque já tinha falado 40 minutos e só tinha direito a dez”, declarou.

Marta afirma que ainda está conhecendo as pessoas na Casa e que, até agora, “estão todos muitos simpáticos”. “Primeiro você entende o jogo. Depois, cria suas estratégias”. Ela garante não ter medo dos caciques que dominam o Senado há décadas. Mas alguns colegas de partido dizem que ela terá poucas chances de mudar as regras do jogo político na Casa – afirmam que ocupa o cargo apenas por uma questão simbólica e é tida como café-com-leite. O que a senadora acha desses comentários? “Não acho nada.”

(Colaborou Luciana Marques)

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