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Empresário ligado ao caso Celso Daniel nega chantagem a Lula, Dirceu e Carvalho

Preso na 27ª fase da Operação Lava Jato, Ronan Maria Pinto depôs à PF em Curitiba. Ele afirmou que o dinheiro para a compra de um jornal em Santo André, que o MP diz ter vindo do petrolão, foi viabilizado de empréstimos de uma de suas empresas

Por Da Redação 4 abr 2016, 21h06

O empresário Ronan Maria Pinto, preso na sexta-feira passada na 27ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Carbono 14, disse em depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira em Curitiba que não participou do esquema de corrupção na prefeitura de Santo André (SP) nem de chantagens ao ex-presidente Lula e aos ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho depois do assassinato do ex-prefeito Celso Daniel (PT), em janeiro de 2002. A Carbono 14 descobriu que Maria Pinto foi o destinatário de metade do empréstimo fraudulento de 12 milhões de reais feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai no Banco Schahin em 2004.

Dono de empresas do setor de transporte e coleta de lixo, além de um jornal na cidade do ABC paulista, o empresário afirmou aos investigadores da Lava Jato nunca ter recebido dinheiro de “origem política” e sequer possuir conta bancária pessoal, argumentando que “a razão de movimentar recursos pessoas pelas contas de suas pessoas jurídicas é porque sempre fez dessa forma”. Segundo Ronan Maria Pinto, a compra do jornal Grande ABC, em 2003, que o Ministério Público diz ter sido efetuada com o dinheiro desviado do petrolão, é um exemplo da prática de misturar a contabilidade pessoal às de seus negócios. Ele disse que emprestou 4 milhões de reais de uma de suas empresas para comprar a publicação.

Ao analisar as considerações apresentadas pelo Ministério Público, o juiz federal Sergio Moro considerou ter havido um “malabarismo financeiro” para simular, a mando do PT, o repasse ao empresário, apontado pelo operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza, como detentor de segredos sobre o esquema de corrupção em Santo André e o assassinato de Daniel. O magistrado vai além, e diz que “é possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então Prefeito de Santo André, Celso Daniel, o que é ainda mais grave”.

O empréstimo fraudulento filtrado pelo tal “malabarismo” passou de Bumlai a contas do Frigorífico Bertin até chegar à Remar Assessoria, do empresário Oswaldo Rodrigues, que finalmente repassou o dinheiro a Ronan Maria Pinto. Para camuflar o pagamento de propina, foram elaborados contratos fraudulentos de mútuo, um deles com a empresa 2S Participações, controlada por Marcos Valério. A versão do empresário para o empréstimo é a de que o jornalista Breno Altman, ligado ao PT e alvo de condução coercitiva na Carbono 14, apresentou a ele uma empresa, a Via Investe, que lhe faria um empréstimo para comprar uma frota de ônibus. Maria Pinto explicou que “fez a negociação com a Via Investe, mas quem emprestou foi a Remar”, em um contrato de seis milhões de reais cujas prestações eram de 319.000 reais mensais e não teria sido destinado, segundo o empresário, ao pagamento da aquisição do jornal.

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A respeito de Enivaldo Quadrado, doleiro que dizia guardar no escritório da contadora de Alberto Youssef, Meire Poza, uma cópia do contrato entre Remar e 2S como “seguro de vida contra Lula e o PT“, Ronan Maria Pinto disse que “nunca tratou diretamente com ele e não se recorda” de Quadrado. Ele também diz não conhecer Youssef e Meire, assim como não “tem conhecimento de que o dinheiro era de destinação política, mais precisamente do Partido dos Trabalhadores”, nem do empréstimo fraudulento de José Carlos Bumlai no Banco Schahin.

Ronan Maria Pinto admitiu conhecer o ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira, um dos supostos alvos da chantagem do empresário e também preso na 27ª da Operação Lava Jato, da época em que a deputada federal Luiza Erundina, então no PT, era prefeita de São Paulo.

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