Em hotel invadido por manifestantes, hóspedes ficaram reféns
Hotel foi invadido por mascarados e polícia foi acionada; clientes ficaram trancados nos quartos; Alckmin defendeu ação da PM
Por Da Redação
27 jan 2014, 09h51
A ação da Tropa de Choque no sábado em um hotel na Rua Augusta, no centro de São Paulo, levou pânico aos hóspedes e terminou em repressão contra os manifestantes refugiados no saguão. Os policiais usaram balas de borracha e são acusados de agressões. Um jovem teve o maxilar quebrado. Acuados, clientes do hotel Linson trancaram as portas dos quartos e ficaram “reféns” do tumulto por até uma hora.
O estudante de Química Industrial da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Vinícius Duarte, de 26 anos, chegou cheio de hematomas no rosto no domingo ao 78.º Distrito Policial (Jardins) para registrar boletim de ocorrência. Ele afirma que apanhou da polícia dentro do hotel.
O rapaz teve traumatismo no maxilar e três dentes quebrados. Ele terá de fazer uma plástica no nariz e está com um coágulo na cabeça.
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Duarte relatou que a polícia não deixou ninguém filmar nem fotografar dentro do hotel e que arrancaram o celular da sua mão quando ele fez um vídeo.
O jornalista freelancer Felipe Larozza, de 27 anos, conseguiu fazer um vídeo que mostra os PMs dando tiros de balas de borracha no saguão do hotel. “Eu não vi nenhum manifestante oferecer resistência, o lugar era pequeno e nem todo mundo que estava lá dentro participava da manifestação”, conta Larozza. Logo após capturar as imagens, ele diz que foi retirado junto com outros fotógrafos do hotel. “A polícia fez uma barreira e não deixou que nós acompanhássemos a revista que aconteceu lá dentro.”
No total, 135 pessoas foram detidas, todas liberadas. No boletim de ocorrência de Duarte, o documento afirma que ele arremessou pedras contra policiais, e “uma atingiu o dedo mínimo de um PM” e que, por isso, foi “necessário recorrer ao uso de balas de borracha”. O sargento tentou deter Duarte, que teria dado um soco no policial, sendo preciso “usar força moderada para vencer a resistência”.
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A Secretaria de Segurança afirmou que o hotel foi invadido e “o Choque entrou por solicitação dos funcionários”. Segundo a nota, os disparos de bala de borracha foram feitos em direção ao chão.
Refém – O consultor Gilvandro Oliveira Filho, de 38 anos, veio do Recife a trabalho e passou mais de uma hora trancado sem poder sair do quarto. “Tinha muita gente no corredor. Não tinha como saber quem estava infiltrado e quem estava se refugiando, pois até manifestantes encapuzados invadiram o hotel. As pessoas chutavam a porta e pediam para eu abrir o quarto”, disse.
Firmeza – O governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu neste domingo a ação da Polícia Militar nas manifestações de sábado contra a Copa do Mundo, em São Paulo. Para ele, os policiais agiram com firmeza para proteger a população e evitar que uma tragédia acontecesse. “Esta é a orientação dada à Polícia Militar, que agiu dentro da lei”, afirmou. O governador criticou a ação dos black blocs.
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“As pessoas que participaram de atos de vandalismo e depredação não podem ser consideradas manifestantes”, disse, acrescentando que a população não aceita essa conduta.
De acordo com o governador, a PM agiu no sentido de proteger as pessoas que estavam concentradas na Praça da República para assistir aos shows em comemoração ao aniversário da cidade. “Havia crianças, idosos e famílias, que tinham de ser protegidas.”
(Com Estadão Conteúdo)
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