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Eleição no Rio tem guerra evangélica por eleitores de Bolsonaro

Prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e deputado federal Otoni de Paula (PSC) travam disputa nos bastidores. Presidente ficará neutro no primeiro turno

Por Cássio Bruno 3 fev 2020, 19h04

A guerra para conquistar o eleitorado de Jair Bolsonaro (sem partido) no Rio de Janeiro está a todo vapor nos bastidores. Dois pré-candidatos evangélicos brigam para ter a imagem associada à do presidente de olho na Prefeitura da capital: o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e o deputado federal Otoni de Paula (PSC), pastor da Assembleia de Deus Ministério de Madureira. Bolsonaro, por sua vez, deverá ficar neutro na disputa municipal no primeiro turno na eleição de outubro.

A recente cartada de Crivella foi participar de um encontro de apoiadores para a criação do Aliança pelo Brasil, de Jair Bolsonaro, no Campo de Santana, no Centro, no último sábado, 1º. Ao lado de deputados bolsonaristas, o prefeito divulgou a presença no encontro em suas redes sociais. Ele segurava a camisa do partido do presidente que ainda não foi oficializado pela Justiça Eleitoral.

Em 20 de janeiro, Crivella recebeu Bolsonaro e lideranças evangélicas no Palácio da Cidade, na Zona Sul. Mas o presidente não declarou apoio publicamente. Entre os convidados, estavam R.R Soares, chefão da Igreja Internacional da Graça de Deus, e Josué Valandro Júnior, pastor da Igreja Batista Atitude, frequentada pela primeira-dama Michelle Bolsonaro, na Barra da Tijuca.

Em busca da ‘aliança’ com Bolsonaro a todo custo, Crivella ofereceu a vaga de vice-prefeito em sua chapa, tática sem sucesso até o momento. Também nomeou o ex-árbitro de futebol Gutemberg Fonseca como secretário de Ordem Pública, ligado ao senador Flavio Bolsonaro. Sem o apoio oficial declarado por Bolsonaro, a solução encontrada por Crivella é de se aproximar ao menos dos eleitores do presidente.

Segundo pesquisas internas realizadas por pré-candidatos, Bolsonaro ainda teria a simpatia de pelo menos 30% do eleitorado carioca. Na eleição de 2018, o presidente ficou em primeiro lugar com 46% dos votos válidos na capital no primeiro turno. Este ano, a tendência é que tenham de oito a 12 concorrentes à Prefeitura do Rio depois do fim da aliança proporcional (no caso, para o pleito de vereadores) entre os partidos. Ou seja: pré-candidatos acreditam que vai para o segundo turno quem conseguir de 15% a 17% da votação.

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No entanto, já existe um movimento de bolsonaristas contra Crivella. Para minar o prefeito, haverá em breve uma artilharia nas redes sociais. A estratégia é mostrar que Crivella era aliado dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff e do PT em eleições passadas. VEJA teve acesso aos vídeos. Em um deles, Crivella, ex-ministro da Pesca de Dilma, aparece discursando no Senado, sem data publicada, com o slogan: “uma vez petista, sempre petista”.

“Qualquer pessoa de bom senso, prefere um brasileiro vestido de vermelho (cor do PT) do que um que vai para a rua vestido de verde e amarelo (cores usadas por Bolsonaro na campanha de 2018) para defender a privatização e a entrega para os Estados Unidos de empresas como a Petrobras”, diz Crivella nas imagens.

Em outros vídeos editados, Crivella está ao lado de Lula. “Outro mito sobre o suposto comunismo do PT é que Dilma e Lula, por revanchismo, sejam contra as Forças Armadas”, afirma Crivella também em discurso no Senado. Em seguida, em cima de um caminhão de som, Bolsonaro aparece dizendo. “Eu quero Lula em cana!”.

Enquanto isso, o deputado Otoni de Paula procura solução para deixar o PSC sem perder o mandato. O PSC é do governador do Rio, Wilson Witzel, inimigo político de Bolsonaro. O parlamentar também participou do evento do Aliança pelo Brasil, no sábado. Em 17 de janeiro, Otoni também publicou, no Facebook, fotos com Bolsonaro, no Planalto, ao lado do bispo Manoel Ferreira e do filho dele, Abner Ferreira, líderes da Assembleia de Deus Ministério de Madureira.

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“Desafio o Crivella a provar que tem mais relação orgânica com os eleitores do Bolsonaro que eu. Não podem dizer que o Otoni é surfista na onda Bolsonaro. Eu brigo pelo presidente estando filiado ao partido do Witzel. Só sou pré-candidato a prefeito porque o presidente Bolsonaro disse para eu ser”, afirmou o deputado federal.

Paes também quer evangélicos

Outro pré-candidato, o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), quer uma fatia dos eleitores evangélicos para enfraquecer Crivella. Como revelou VEJA em 23 de janeiro, no entanto, uma das lideranças no segmento, o pastor Silas Malafaia, que comanda a Assembleia de Deus Vitória em Cristo, declarou que não apoiará ninguém no primeiro turno.  O ex-prefeito aparece empatado com Crivella pela preferência dos evangélicos. Os dois têm 17%, segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada em dezembro.

Paes tem dificuldades também de aproximação com Manoel e Abner Ferreira, em princípio, dois apoiadores de Otoni de Paula. Nos tempos de MDB, o ex-prefeito sempre contou com a parceria da Assembleia de Deus Ministério Madureira. Mesmo assim, Paes, estaria em busca de um nome evangélico para a vaga de vice na chapa, segundo informou o jornalista Lauro Jardim em sua coluna em “O Globo” no último domingo.

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Procurados por VEJA, Crivella e Paes não retornaram os contatos até o fechamento desta reportagem.

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