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Doria critica Olavo e diz que 1964 não deve ser comemorado

Governador de São Paulo afirma manter 'boa relação' com Bolsonaro, mas lamenta influência de Carvalho no governo: 'Sequer vive no Brasil'

Por Da Redação Atualizado em 3 abr 2019, 14h40 - Publicado em 3 abr 2019, 03h47
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  • Filho de um deputado exilado e cassado durante a ditadura militar, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lamentou a forma como o governo de Jair Bolsonaro abordou o aniversário de 55 anos do golpe de 1964, no último dia 31 de março.

    “O governo não agiu bem ao promover ou ao pedir que isso fosse comemorado. Eu não creio que o golpe de 1964 deva ser objeto de comemoração. 31 de março foi um golpe. Nós não podemos negar isso”, afirmou o tucano em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira, 3.

    Apesar da crítica, Doria exaltou uma “boa relação” mantida com o presidente e se mostrou otimista quanto à aprovação da reforma da Previdência, que considera imprescindível para evitar “o caos político e social”. Ele também elogiou o “bom senso e equilíbrio” do vice-presidente, Hamilton Mourão, e lamentou que o general tenha sofrido ataques do escritor Olavo de Carvalho, influente no governo.

    “Não considero importantes as opiniões que ele (Olavo de Carvalho) tem a emitir sobre o Brasil. Porque ele nem sequer vive aqui (e sim nos EUA). O general Mourão merece respeito e consideração. É uma boa pessoa. Tem procurado se conduzir bem, com estabilidade, bom senso, equilíbrio e preservando a relação com o presidente Jair Bolsonaro. Prefiro confiar nessa interlocução com o general Mourão, com o presidente Bolsonaro e com os demais aqui citados do que com alguém que nem sequer vive no Brasil e cuja opinião, para mim, não tem valor”, declarou.

    Pelas redes sociais, o ideólogo de Bolsonaro disse que “não vai brigar” com o governador de São Paulo. “Só lhe recomendo estudar História para deixar de ser caipira e tomar conhecimento do grande número de patriotas brasileiros que viveram no exterior, a começar pelo próprio fundador do país”, disse Olavo de Carvalho, se comparando ao patriarca da independência do Brasil, José Bonifácio de Andrada e Silva.

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    Doria relata conversar com frequência sobre a reforma da Previdência com os presidentes da Câmara e do Senado – respectivamente, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) –, além do próprio Jair Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes.

    Nessas comunicações, sente otimismo pela aprovação da proposta. “Ele (Bolsonaro) tem consciência de que o diálogo e o respeito pelos Poderes é importante para a estabilidade de seu governo e o que a aprovação de reformas vai representar para o futuro do Brasil. Passados momentos de turbulência, eu creio que o próprio presidente percebeu claramente que é importante manter o diálogo altivo. E sair fora, vamos dizer, de linhas que possam criar molestações, interpretações que não sejam aquelas do interesse do país”, avalia.

    O governador paulista, que declarou publicamente apoio a Jair Bolsonaro durante as eleições, nega que tenha se distanciado do presidente após levantamentos indicarem quedas em seus índices de popularidade. “Eu não estou colando nem descolando. Nós temos uma relação boa, desde o início, mesmo antes da posse. Estabelecemos uma linha de diálogo, de conversação, que tem se mantido. Ele ouve e processa o que escuta. Tem sido extremamente atencioso comigo, com São Paulo”, diz o tucano.

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    Na entrevista, Doria comentou sobre o futuro do PSDB e defendeu que seu partido “deixe a centro-esquerda para ser de centro”, seguindo o que considera “uma outra sintonia” do Brasil e do mundo, com posicionamentos mais liberais na economia. “Para isso, não é preciso desrespeitar nem condenar o passado do PSDB”, declarou.

    Por fim, questionado sobre planos de concorrer à presidência da República em 2022, Doria se disse focado nas questões relativas ao Estado de São Paulo: “Agora é hora de gestão, de administração. Não é, em absoluto, o momento de iniciar qualquer tipo de discussão sobre sucessão nem campanha, muito menos sucessão presidencial”.

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