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Doleiro foragido da Câmbio, Desligo deixou o Brasil em cruzeiro de luxo

René Loeb saiu do país com destino à Alemanha em abril. Defesa alega que ele tem doença grave e foi buscar tratamento na Europa, mas MPF fala em fuga

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 18 Maio 2018, 16h51 - Publicado em 18 Maio 2018, 16h41

Um dos foragidos da Operação Câmbio Desligo, deflagrada no início de maio, o doleiro carioca René Maurício Loeb, de 67 anos, deixou o Brasil em abril, em um cruzeiro de luxo com destino à Alemanha. Suspeito de movimentar 27,8 milhões de dólares (cerca de 100 milhões de reais atuais) entre 2011 e 2017 no mercado paralelo de câmbio, Loeb é portador de fibrose pulmonar idiopática e, segundo seus advogados, foi buscar tratamento na Europa. Sua condição “precaríssima” de saúde, dizem os defensores, o impede de fazer viagens aéreas.

O doleiro embarcou no navio de luxo MSC Preziosa, da MSC Cruzeiros, em Santos (SP), no dia 8 de abril, 25 dias antes de a Polícia Federal prender 33 doleiros na Câmbio, Desligo. Ele passou os 20 dias de viagem até Hamburgo, na Alemanha, no 13º andar do transatlântico, mais precisamente na cabine 13045, com vista para o mar e varanda (veja abaixo). A ostentação na embarcação que levou René Loeb à Europa é notada até mesmo nas escadas, adornadas com cristais Swarovski.

Cabine externa com varanda, do navio MSC Preziosa
Cabine externa com varanda do navio MSC Preziosa, semelhante à de René Maurício Loeb (//Divulgação)

Depois que a operação foi deflagrada e prendeu 33 doleiros, os defensores de Loeb pediram ao juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no Rio, que ele não seja considerado foragido e tenha sua prisão preventiva revogada. Eles anexaram ao processo dois atestados médicos sobre o estado de saúde do doleiro e afirmam que ele é “completamente dependente de respirador mecânico e medicação intensiva, impossibilitado de locomoção e necessitando de permanetes cuidados médico e fisioterápico”.

“O motivo da viagem foi a busca de tratamento especializado desenvolvido na Europa (Alemanha, Suíça e Itália), onde são produzidos e testados os medicamentos de ponta (pirfenex, etc) e técnicas experimentais para tratamento da doença, enquanto que permanecendo no Brasil o tratamento seria meramente paliativo e desenganado”, escreveram os advogados.

Loeb tem cidadania alemã e, assim, argumentam os defensores, poderia ter acesso ao sistema de saúde da Comunidade Europeia.

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O Ministério Público Federal (MPF), no entanto, classifica a viagem de René Loeb à Europa como “fuga”. “Embarcar em cruzeiro comercial para país do qual é cidadão corrobora sua intenção em se furtar à aplicação da lei penal, bem como evidencia concreto prejuízo à instrução criminal”, escreveram os procuradores em manifestação a Marcelo Bretas.

Ainda conforme o MPF, o argumento de que ele foi à Europa para buscar tratamento “não se sustenta”, pois os advogados não especificaram quais procedimentos inovadores são estes e não comprovou que René Loeb será submetido a eles. “Por outro lado, em acesso à rede mundial de computadores, nada foi localizado a respeito de tratamentos inovadores no sistema europeu de saúde que não sejam realizados no Brasil”, completam os investigadores.

O MPF sustenta ainda que “não se concebe que um paciente em risco tão grave de vida consiga embarcar em um cruzeiro comercial, sem qualquer recurso médico específico ou cuidados diferenciados”.

Bretas ainda não decidiu sobre a prisão preventiva de René Maurício Loeb.

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O cartão de embarque de René Loeb em cruzeiro com destino à Europa (Reprodução/Reprodução)

R$ 100 milhões em operações

Assim como os demais doleiros presos na Operação Câmbio, Desligo, René Maurício Loeb teve a atuação revelada pelos doleiros Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, e Cláudio Fernando Barboza de Souza, o Tony, ambos delatores do braço fluminense da Operação Lava Jato. Segundo Claret e Barboza, Loeb operava no mercado de câmbio paralelo no Rio de Janeiro com um sócio, Nei Seda, desde a década de 1990.

Cláudio Barboza classificou René Loeb e Nei Seda como doleiros de “médio porte”, se comparados a Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, também foragido da Câmbio, Desligo, e Raul Davies, outro alvo da operação. Os delatores detalharam que “95% das transações” de Seda e Loeb eram feitas por meio do envio de dólares ao exterior, em contas indicadas por Barboza e Claret, e o recebimento de reais em espécie no Brasil, expediente conhecido como dólar-cabo.

Embora os valores envolvidos nas operações de René Loeb no esquema de Cláudio Barboza e Vinícius Claret não fossem tão expressivos, dizem os doleiros-delatores, elas eram constantes e contabilizaram 27,8 milhões de reais entre 2011 e 2017, cerca de 100 milhões de reais em valores atualizados.

O sócio de Loeb, Nei Seda, foi flagrado por câmeras de segurança do condomínio onde mora, no Rio de Janeiro, escondendo  uma sacola plástica na garagem depois de saber que seria preso. Os investigadores encontraram 30.000 reais no pacote, divididos entre 7.030 dólares e 1.500 francos suíços.

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