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Doleiro escondeu R$ 30 mil antes de ser preso pela PF na Câmbio, Desligo

Imagens de câmeras de condomínio mostram que, depois de saber que seria preso, Nei Seda retirou sacola de seu apartamento e escondeu na garagem

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 Maio 2018, 16h52 - Publicado em 15 Maio 2018, 16h27

A Polícia Federal descobriu que um dos alvos da Operação Câmbio, Desligo, que prendeu 33 doleiros no início de maio, escondeu dólares e francos suíços na garagem do prédio onde mora antes de se apresentar à PF para ser preso. O valor total soma cerca de 30.000 reais. Trata-se do doleiro Nei Seda, de 75 anos, que movimentou 27,8 milhões de dólares em transações de compra e venda paralela de dólares entre 2011 e 2017, segundo as delações premiadas que basearam a operação.

A ação de Seda para “salvar” o dinheiro da apreensão pelos policiais só foi possível porque ele passou cerca de uma hora sozinho depois de ser informado, pela própria PF, de que seria detido. Isso porque o primeiro endereço onde a polícia foi procurá-lo, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, era o apartamento da ex-mulher do doleiro, Maria da Glória, de quem ele se separou há mais de 20 anos. Ao saber que Nei Seda não vivia mais no imóvel, o delegado Róbson Papini Mota ligou para Seda e obteve dele o compromisso de que se entregaria no local em 20 minutos.

Passados 40 minutos sem que o doleiro tivesse se entregado, Papini voltou a ligar para ele e ouviu mais um pedido de tempo. Desta vez, Nei Seda prometeu que chegaria em 15 minutos. Ele acabou cumprindo o combinado pouco depois. Enquanto aguardava, no entanto, a equipe da PF foi informada por um procurador do Ministério Público Federal (MPF) de que Seda tinha outro endereço, no condomínio Barra Bella, também na Barra da Tijuca.

Diante da informação, a PF pediu acesso às câmeras de segurança do condomínio e descobriu que, enquanto procrastinava sua ida à casa da ex-mulher, Nei Seda retirou uma sacola de seu apartamento e levou à garagem do prédio onde estava.

Em ofício endereçado ao delegado Papini, o agente Gustavo Coviello de Lima relatou que as imagens mostram o doleiro deixando o apartamento de outra moradora do condomínio pouco depois de ter recebido a ligação da PF. Ele desce pelo elevador até o térreo e segue à outra torre do condomínio, onde fica seu apartamento. Cerca de cinco minutos depois de chegar ao imóvel, Nei Seda sai de lá carregando uma sacola plástica, que ele leva até a garagem (veja abaixo).

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(Reprodução/Polícia Federal)

Dois minutos depois, já sem a sacola, o doleiro volta a seu apartamento. As imagens seguintes mostram que ele passou 20 minutos dentro do imóvel, trocou bermuda e chinelo por calça e sapato, seguiu até a garagem e saiu de carro (veja abaixo).

(Reprodução/Polícia Federal)

A PF apreendeu a sacola em um box de cerca de três metros quadrados no segundo subsolo do condomínio. Havia dentro dela 7.030 dólares (cerca de 25.000 reais) e 1.500 francos suíços (cerca de 5.500 reais). Questionado pelos investigadores sobre o conteúdo do pacote, Nei Seda respondeu inicialmente que não se lembrava de onde o havia colocado e que não mantinha “valores consideráveis” sob sua posse.

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Conforme o ofício do agente da PF, o doleiro acabou reconhecendo, depois, que a sacola encontrada pelos policiais foi retirada por ele de sua casa. Além dos cerca de 30.000 reais na garagem, a Polícia Federal apreendeu 4.000 reais no apartamento de Seda.

US$ 27 milhões em operações

Assim como os demais doleiros presos na Operação Câmbio, Desligo, Nei Seda teve a atuação revelada pelos doleiros Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, e Cláudio Fernando Barboza de Souza, o Tony, ambos delatores do braço fluminense da Operação Lava Jato. Segundo Claret e Barboza, Seda operava no mercado de câmbio paralelo no Rio de Janeiro com um sócio, Renê Maurício Loeb, desde a década de 1990.

Cláudio Barboza classificou Nei Seda como um doleiro de “médio porte” se comparado com Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, foragido da Câmbio, Desligo, e Raul Davies, outro alvo da operação. Os delatores detalharam que “95% das transações” de Seda e Loeb eram feitas por meio do envio de dólares ao exterior, em contas indicadas por Barboza e Claret, e o recebimento de reais em espécie no Brasil, expediente conhecido como dólar-cabo.

Embora os valores envolvidos nas operações de Nei Seda no esquema de Cláudio Barboza e Vinícius Claret não fossem tão expressivos, dizem os doleiros-delatores, elas eram constantes e contabilizaram 27,8 milhões de reais entre 2011 e 2017.

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