Dilma dá sinal de que campanha truculenta vai continuar
"Quem não aceita crítica não pode ser presidente", diz candidata do PT em BH
A presidente Dilma Rousseff deu neste sábado mais um sinal de que os ataques à adversária Marina Silva (PSB) devem continuar. Em comício realizado na cidade de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, ela fez uma provocação à adversária sem citar o nome dela. “Se a pessoa não quer ser criticada, se a pessoa não quer ser pressionada, se não quer que falem dela, não dá para ser presidente da República”, disse a petista.
Logo depois, a presidente deu início ao que poderia ser um momento de autocrítica: “Nessa eleição tem gente que usa a desinformação, que usa a mentira. Nós temos de ser calmos.” Ela atribuia a outros, contudo, aquilo que se tornou a tônica da campanha petista.
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Em entrevista à imprensa após o comício, a presidente comentou o choro de Marina Silva nesta quinta-feira, ao falar sobre os ataques infligidos pelo PT: “Para ser presidente, a gente tem de aguentar a barra”, afirmou, para amenizar em seguida: “Eu não sou contra as pessoas chorarem. É intrínseco ao ser humano.”
O comício reuniu cerca de 500 pessoas e teve a participação do candidato do PT ao governo, Fernando Pimentel. Parte do público chegou a gritar “Não vai ter Marina”.
Em seu discurso, feito logo após um encontro com representantes do movimento negro, Dilma também afirmou que a polícia vem matando jovens negros de forma injustificada no Brasil. “Apoio a lei contra os autos de resistência, que é a alegação de que o jovem negro foi morto porque resistiu. Não, ele foi morto porque foi morto, e é uma violência insuportável e indesejável com que nós não podemos concordar”, afirmou.
Dilma também falou sobre a lei que institui cotas de 20% para negros em concursos públicos, proposta pelo governo. Mas, dentre os 39 ministros de Dilma, há apenas dois negros – incluindo a própria ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros. Confrontada com essa estatística durante a entrevista, Dilma disse que se esforçou: “Eu tive essa preocupação imensa de aumentar o número de negros. Eu tenho muitos negros no segundo escalão”.