Defesa de Messer pede que STJ reveja decisão e solte o doleiro
Ministro Rogério Schietti negou em maio revogar prisão preventiva do 'doleiro dos doleiros' na Operação Câmbio, Desligo, da Lava Jato no Rio
A defesa do doleiro Dario Messer pediu nesta quinta-feira, 1, ao ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Rogério Schietti que reconsidere uma decisão na qual ele negou revogar a prisão preventiva de Messer ou substituí-la por medidas cautelares. Suspeito de movimentar 1,6 bilhão de dólares no mercado ilegal de câmbio, o doleiro foi preso em São Paulo nesta quarta-feira, 31, após cerca de um ano e três meses foragido. Não há prazo para que Schietti analise o pedido dos advogados.
A prisão preventiva do doleiro foi determinada pelo juiz federal Marcelo Bretas no âmbito da Operação Câmbio, Desligo, desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro que mirou o mercado paralelo de câmbio e prendeu doleiros. Messer estava foragido desde que a ação foi deflagrada, em maio de 2018.
No pedido de liberdade ao STJ, já negado por Schietti em junho, a defesa de Dario Messer afirma que outros alvos da Câmbio, Desligo tiveram as prisões substituídas por outras medidas, como recolhimento domiciliar noturno, entrega de passaportes e impedimento de entrar em contato com outros investigados. Ainda conforme os defensores, Bretas presumiu que o doleiro tinha um passado de crimes com base em um processo no qual ele foi absolvido.
Em sua decisão, o ministro do STJ ponderou que Messer estava foragido e não sofria “nenhum cerceamento à sua liberdade”. Para Schietti, a prisão preventiva de Messer não é “manifestamente ilegal” porque Bretas citou na decisão “vários elementos de convicção, não circunscritos somente às palavras dos colaboradores e, para justificar a necessidade de acautelar a ordem pública, demonstrou a periculosidade do suspeito, evidenciada por seu papel de destaque na sofisticada rede ilegal de movimentação de dinheiro. O Magistrado indicou a alta densidade lesiva de graves crimes, supostamente reiterados por anos, por meio de intrincada organização criminosa, com profissionalismo e sofisticação”.
A prisão de Messer ocorreu por volta das 16h40, em um condomínio de luxo na região do Parque do Ibirapuera. Nos últimos dias, a inteligência da PF passou a rastrear um endereço em São Paulo que poderia ser utilizado como bunker do esquema do doleiro, como informou a coluna Radar. Com o monitoramento concluído, Bretas expediu mandados de busca e apreensão para o imóvel, que é alugado pela namorada do doleiro, a advogada carioca Myra de Oliveira Athayde, de 27 anos.
A família de Messer fechou acordo de delação premiada. Os procuradores do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro afirmam que a multa de 270 milhões de reais aplicada a Dan Wolf Messer, filho do “doleiro dos doleiros”, é a maior da Operação Lava Jato a pessoas físicas. A soma das multas chega a aproximadamente 370 milhões de reais.
O Radar revelou que, antes de os familiares de Messer negociarem a delação, ele ameaçava usar seus segredos para “colocar a boca no trombone” e detonar os políticos que fizeram dele um “boi de piranha”.
Nesta quarta-feira, o procurador regional da República José Augusto Vagos afirmou que operações passadas não conseguiram capturar Messer “diante do seu poder econômico e sua influência no submundo do crime”. Ele ressaltou a prisão do “mais importante doleiro do Brasil” que, a partir de agora, “terá que prestar contas à Justiça brasileira”.