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De mau gestor a casos de corrupção: os pecados de Crivella no Rio

Promessas não cumpridas, denúncias de irregularidades, alto índice de rejeição e sucessão de tropeços na campanha resultaram no fracasso do atual prefeito

Por Sofia Cerqueira, Cássio Bruno Atualizado em 29 nov 2020, 20h25 - Publicado em 29 nov 2020, 20h02

O sucesso de Eduardo Paes (DEM), prefeito eleito neste domingo, 29, se deve em larga medida à administração desastrosa de seu sucessor, o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Um extenso rol de promessas não cumpridas, denúncias de corrupção e uma enxurrada de tropeços durante a campanha eleitoral, incluindo fake news, também contribuíram para a punição do bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus pelos cariocas nas urnas. Nem o tímido apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que não participou diretamente da campanha e só gravou vídeos para pedir votos, e o suporte do eleitorado evangélico resultaram na salvação do chefe do executivo da capital fluminense. Seu índice de rejeição, de acordo com os institutos de pesquisa, chegou a surpreendentes 62%.

Levantamento inédito de VEJA Rio, em parceria com a agência Lupa, mostrou que Marcelo Crivella cumpriu menos de 20% das propostas de campanha de 2016. De 60 itens do plano de governo, 44 não saíram do papel, incluindo áreas fundamentais da prefeitura, como saúde, educação, segurança e transporte. O abandono de projetos bem-sucedidos da administração anterior, como as Clínicas da Família e os BRTs, foi outra questão que ganhou destaque nesta corrida eleitoral. O bordão “Vamos cuidar das pessoas”, que Crivella disse e repetiu inúmeras vezes, acabou se mostrando em vão.

Durante o governo, Crivella não escapou da suspeita de corrupção. Em 10 de setembro, Crivella foi um dos alvos da Operação Hades, ação do Ministério Público que investiga o chamado “QG da propina” na prefeitura do Rio. O MP e a Polícia Civil cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do prefeito. A força-tarefa ocorreu com base em delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso na operação Câmbio Desligo, um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense. Segundo ele, o esquema tinha como operador Rafael Alves, braço forte de Crivella na prefeitura mesmo não tendo um cargo oficial. Rafael é irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves.

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Outro escândalo foi o do episódio que ficou conhecido como “Guardiões do Crivella”. Em setembro, funcionários da prefeitura foram flagrados de plantão na porta de hospitais municipais com o intuito de atrapalhar equipes de reportagens a denunciarem irregularidades na área da saúde. O esquema era combinado em grupos de aplicativos de mensagens, com telefones do próprio prefeito e de integrantes do primeiro escalão do governo.

O loteamento político de cargos vitais para o andamento da máquina da prefeitura foi outro ingrediente que manchou a gestão de Crivella. Em troca de apoio do maior número de vereadores para escapar de pedidos de impeachment – suspeita de improbidade administrativa, crime de responsabilidade e desvio de verbas públicas –, o prefeito fez nomeações por indicações de partidos políticos, nem sempre levando em conta a capacidade técnica, e integrantes da Igreja Universal.

Na campanha do segundo turno, a imagem de Crivella também saiu arranhada. A Justiça Eleitoral o proibiu de distribuir panfletos com falsas acusações contra Eduardo Paes e mandou apreender o material. A propaganda dizia que seu adversário recebeu apoio oficial do PSOL, o que não é verídico, e seria defensor da legalização do aborto, da liberação das drogas e da distribuição de um “kit gay” nas escolas do município. Paes, no entanto, não defende nenhuma destas pautas em seu discurso.

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