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Cunha contratou empresa para sabotar a Lava-Jato, diz Odebrecht

Segundo empreiteiro, uma reunião sigilosa, em 2015, na casa do então presidente da Câmara, definiu a contratação da Kroll para sabotar Lava-Jato

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 11 abr 2017, 21h10 - Publicado em 11 abr 2017, 18h01
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  • O empreiteiro Marcelo Odebrecht revela em seu acordo de delação premiada a atuação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha na organização de um plano para tentar sepultar as investigações da Operação Lava-Jato. A estratégia foi elaborada em uma reunião ocorrida poucos dias depois da eleição de Cunha para o comando da Casa. A história é narrada pelo empreiteiro no termo de colaboração 49 do empreiteiro e corroborada por outro diretor da empresa.

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    Segundo Marcelo, o presidente da Câmara realizou no dia 11 de fevereiro de 2015 um encontro sigiloso em sua residência com o objetivo de apresentar a proposta de contratação da empresa de espionagem Kroll. A ideia era usar a experiência da empresa para localizar “inconsistências” nas delações premiadas do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, o que poderia anular as investigações da Lava-Jato comandadas pela Procuradoria Geral da República. “Eduardo Cunha defendia a tese de que deveriam ser encontradas inconsistências nas colaborações premiadas de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, o que permitiria, na sua ótica, a anulação das investigações”, destaca o ministro Edson Fachin, na decisão em que defere o pedido do Ministério Público para retirada do sigilo da investigação e o envio das declarações à Procuradoria da República no Paraná.

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    Na ocasião da reunião, o então presidente da Câmara vivia a expectativa de ser levado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelas mãos do procurador-geral Rodrigo Janot. A primeira “lista do Janot” seria apresentada semanas depois da reunião. Por força de Eduardo Cunha, o plano para melar a Lava-Jato foi colocado em prática. A Kroll foi contratada por decisão do presidente da CPI da Petrobras, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), e do subrelator André Moura (PSC-SE). Oficialmente, o argumento usado foi o de que a empresa ajudaria a CPI a investigar os envolvidos no escândalo do petrolão. A Kroll foi usada para vasculhar contas bancárias e patrimônio no exterior de 12 delatores da Operação Lava-Jato. A tentativa de sabotar as investigações, no entanto, fracassou.

    Confira as acusações feitas pelos delatores nos inquéritos abertos pelo STF e clique em leia mais para saber o que pesa cada um (a lista está sendo atualizada):

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    GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DE SÃO PAULO (PSDB) – governador usava cunhado para receber propina (leia mais)

    AÉCIO NEVES, SENADOR (PSDB-MG) – senador teria recebido mesada de até 2 milhões de reais (leia mais)

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    DILMA ROUSSEFF, EX-PRESIDENTE DA REPÚBLICA (PT) – ex-presidente teria recebido 150 milhões para campanhas (leia mais)

    ROMERO JUCÁ, SENADOR (PMDB-RR) – senador recebeu propina para defender interesses da Odebrecht (leia mais)

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    RENAN CALHEIROS, SENADOR (PMDB-AL) – com Jucá, recebeu R$ 5 milhões para aprovar MP (leia mais)

    EDISON LOBÃO, SENADOR (PMDB-MA) – senador levou R$ 5,5 milhões de reais da empreiteira (leia mais)

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    FERNANDO COLLOR, SENADOR (PTC-AL) – recebeu 800 mil reais na campanha eleitoral de 2010 (leia mais)

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    LINDBERGH FARIAS, SENADOR (PT-RJ) – recebeu 4,5 milhões de reais em propinas nas eleições de 2008 e 2010 (leia mais)

    CIRO NOGUEIRA, SENADOR (PP-PI) – recebeu 1,6 milhão de reais nas eleições de 2010 e 2014 (leia mais)

    EDUARDO CUNHA, EX-DEPUTADO (PMDB-RJ) – ex-deputado teria arquitetado plano para sepultar a Lava Jato (leia mais)

    BLAIRO MAGGI, MINISTRO DA AGRICULTURA (PP-MT) – ministro recebeu R$ 12 mi para ajudar a liberar crédito da empresa (leia mais)

    VICENTE CÂNDIDO, DEPUTADO (PT-SP) – deputado federal recebeu 50 mil reais para viabilizar Itaquerão (leia mais)

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    JORGE PICCIANI, DEPUTADO ESTADUAL (PMDB-RJ) – recebeu caixa dois da Odebrecht nos anos de 2010 e 2012 (leia mais)

    PAULO HARTUNG, GOVERNADOR DO ESPÍRITO SANTO (PMDB) – recebeu 1 milhão de reais nas eleições de 2010 e 2012 (leia mais)

    HÉLDER BARBALHO, MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL (PMDB-PA) – recebeu 1,5 milhão  de reais  em três parcelas (leia mais)

    RICARDO FERRAÇO, SENADOR (PSDB-ES)  executivos dizem que repassaram a ele 400.000 reais via caixa dois (leia mais)

    ALDEMIR BENDINE, EX-PRESIDENTE DA PETROBRAS – ex-presidente do BB e da Petrobras, recebeu dinheiro para ajudar a Odebrecht (leia mais)

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    ALFREDO NASCIMENTO, DEPUTADO (PR-AM) – ex-ministro de Lula e Dilma, recebeu 200 mil reais via caixa 2 (leia mais)

    JOÃO BACELAR FILHO, DEPUTADO (PR-BA) – recebeu 250 mil reais da Odebrecht para ajudar em MP (leia mais)

    CELSO RUSSOMANNO, DEPUTADO (PRB-SP) – deputado federal recebeu 50 mil reais na campanha de 2010 (leia mais)

    ZECA DIRCEU, DEPUTADO (PT-PR) – filho de José Dirceu teria recebido 250 mil reais para campanha (leia mais)

    CARLOS ZARATTINI, DEPUTADO (PT-SP) – líder do partido recebeu propina para atuar em favor de MPs (leia mais)

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    PAULINHO DA FORÇA, DEPUTADO (SD-SP) – presidente da Força Sindical recebeu 200 mil para campanha de 2010 (leia mais)

    ANTÔNIO ANASTASIA, SENADOR (PSDB-MG)

    MILTON MONTI, DEPUTADO (PR-SP)

    ALOYSIO NUNES, SENADOR (PSDB-SP)

    ARLINDO CHINAGLIA, DEPUTADO (PT-SP)

    ARTHUR MAIA, DEPUTADO (PPS-BA)

    BRUNO ARAÚJO, MINISTRO DAS CIDADES (PSDB-PE)

    CÂNDIDO VACCAREZZA, DEPUTADO (EX-PT-SP)

    GUIDO MANTEGA, EX-MINISTRO DA FAZENDA (PT)

    EDUARDO BRAGA, SENADOR (PMDB-AM)

    OMAR AZIZ, SENADOR (PSD-AM)

    CACÁ LEÃO, DEPUTADO (PP-BA)

    CÁSSIO CUNHA LIMA, SENADOR (PSDB-PB)

    DALÍRIO BEBER, SENADOR (PSDB-SC)

    NAPOLEÃO BERNARDES, PREFEITO DE BLUMENAU (PSDB-SC)

    DANIEL VILELA, DEPUTADO (PMDB-GO)

    MAGUITO VILELA, EX-GOVERNADOR DE GOIÁS (PMDB)

    DANIEL ALMEIDA, DEPUTADO (PCDOB-BA)

    DÉCIO LIMA, DEPUTADO (PT-SC)

    ANA PAULA LIMA, DEPUTADA ESTADUAL (PT-SC)

    ELISEU PADILHA, MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL (PMDB-RS)

    MOREIRA FRANCO, SECRETÁRIO-GERAL DA PRESIDÊNCIA (PMDB-RJ)

    FÁBIO FARIA, DEPUTADO (PSD-RN)

    ROBINSON FARIA, GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE (PSD)

    ROSALBA CIARLINI, PREFEITA DE MOSSORÓ (PP-RN)

    FERNANDO BEZERRA, SENADOR (PSB-PE)

    GILBERTO KASSAB, MINISTRO DAS COMUNICAÇÕES (PSD-SP)

    BETINHO GOMES, DEPUTADO (PSDB-PE)

    JOSÉ FELICIANO, ADVOGADO

    VADO DA FARMÁCIA, EX-PREFEITO DE CABO DO SANTO AGOSTINHO (PTB-PE)

    PAULO ROCHA, SENADOR (PT-PA)

    HERÁCLITO FORTES, DEPUTADO (PSB-PI)

    HUMBERTO COSTA, SENADOR (PT-PE)

    IVO CASSOL, SENADOR (PP-RO)

    JOÃO CARLOS RIBEIRO, EX-SECRETÁRIO DE PLANEJAMENTO DE RONDÔNIA

    JOÃO CARLOS BACELAR, DEPUTADO (PR-BA)

    JORGE VIANA, SENADOR (PT-AC)

    TIÃO VIANA, GOVERNADOR DO ACRE (PT)

    JOSÉ CARLOS ALELUIA, DEPUTADO (DEM-BA)

    ZECA DIRCEU, DEPUTADO (PT-PR)

    JOSÉ DIRCEU, EX-MINISTRO-CHEFE DA CASA CIVIL

    ZECA DO PT, DEPUTADO (PT-MS)

    JOSÉ REINALDO TAVARES, DEPUTADO (PSB-MA)

    ULISSES CÉSAR MARTINS, EX-PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO MARANHÃO

    RENAN FILHO, GOVERNADOR DO ALAGOAS (PMDB)

    JÚLIO LOPES, DEPUTADO (PP-RJ)

    JUTAHY MAGALHÃES JÚNIOR, DEPUTADO (PSDB-BA)

    KÁTIA ABREU, SENADORA (PMDB-TO)

    MOISÉS PINTO GOMES, MARIDO DA SENADORA KÁTIA ABREU

    LÍDICE DA MATA, SENADORA (PSB-PE)

    MARCO MAIA, DEPUTADO (PT-RS)

    HUMBERTO KASPER, EX-PRESIDENTE DA TRENSURB

    MARCO PRATES DA CUNHA, EX-PRESIDENTE DA TRENSURB

    PAULO BERNARDO, EX-MINISTRO DO PLANEJAMENTO (PT)

    MARCOS PEREIRA, MINISTRO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS (PRB-ES)

    MARIA DO ROSÁRIO, DEPUTADA (PT-RS)

    MÁRIO NEGROMONTE JÚNIOR, DEPUTADO (PP-BA)

    VALDEMAR DA COSTA NETO, EX-DEPUTADO (PR-SP)

    NELSON PELLEGRINO, DEPUTADO (PT-BA)

    ÔNIX LORENZONI , DEPUTADO (DEM-BA)

    PAULO HENRIQUE LUSTOSTA, DEPUTADO (PP-CE)

    PEDRO PAULO, DEPUTADO (PMDB-RJ)

    EDUARDO PAES, EX-PREFEITO DO RIO DE JANEIRO (PMDB)

    RICARDO FERRAÇO, SENADOR (PSDB-ES)

    RODRIGO MAIA, DEPUTADO (DEM-RJ)

    CÉSAR MAIA, EX-PREFEITO DO RIO DE JANEIRO (DEM)

    RODRIGO GARCIA, DEPUTADO (DEM-SP)

    ROMERO JUCÁ, SENADOR (PMDB-RR)

    EUNICIO OLIVEIRA, SENADOR (PMDB-CE)

    LÚCIO VIEIRA LIMA, DEPUTADO (PMDB-BA)

    RODRIGO JUCÁ, ADVOGADO E FILHO DE ROMERO JUCÁ (PSD-RR)

    VALDIR RAUPP, SENADOR (PMDB-RO)

    VANDER LOUBET, DEPUTADO (PT-MS)

    VANESSA GRAZZIOTIN, SENADORA (PCDOB-AM)

    ERON BEZERRA, MARIDO DA SENADORA VANESSA GRAZZIOTIN

    VICENTINHO, DEPUTADO (PT-SP)

    VITAL DO RÊGO FILHO, MINISTRO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU)

    YEDA CRUSIUS, DEPUTADA (PSDB-RS)

    Fora do STF

    Dezenas de outros inquéritos foram enviados por Fachin a outros tribunais porque os envolvidos não têm direito a foro no Supremo Tribunal Federal, como os governadores de estado, que têm de ser julgados pelo Superior Tribunal de Justiça.

    Nesta lista estão, entre outros, os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).

    Na lista também está o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), que precisam ser julgados na primeira instância, ou seja, pela Justiça Federal de São Paulo.

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