Na reta final, a CPI da Pandemia vai aprofundar as investigações sobre a Precisa Medicamentos, intermediária da vacina Covaxin, e a relação da operadora de saúde Prevent Senior com o Palácio do Planalto. A expectativa dos senadores da comissão era encerrar os trabalhos na próxima sexta-feira, 24, mas os parlamentares precisam analisar documentos obtidos nos últimos dias.
“Não acaba nesta semana, com certeza”, disse à VEJA o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI. “Temos um acúmulo de tarefas na reta final. A CPI vai terminar em temperatura elevadíssima” afirmou o relator Renan Calheiros (MDB-AL).
Na sexta-feira (17) a Precisa Medicamentos foi alvo de busca e apreensão a pedido da CPI. A operação foi autorizada pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). A Polícia Federal passou cerca de dez horas na sede da Precisa em São Paulo copiando as informações do servidor e dos emails profissionais da empresa. A CPI pediu buscas também no Ministério da Saúde, mas a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra e Toffoli negou.
O prazo para a comissão encerrar os trabalhos é 4 de novembro, mas Calheiros já prepara o relatório com o material obtido e analisado até aqui.
“A partir de quinta-feira estarei pronto para apresentar o relatório. Mas, a decisão sobre quando vamos apresentar não é minha, é coletiva, da comissão. Estamos dedicados a avançar na investigação”, disse Calheiros.
Os senadores pretendem fazer uma cerimônia de 40 minutos antes da apresentação do relatório, com representantes de vítimas da Covid de cada Estado do país e um convidado representando o Brasil.
O relatório vai apontar os erros e as omissões na atuação do presidente Jair Bolsonaro e do Ministério da Saúde durante a pandemia. O documento final vai tratar de temas como a crise de Manaus, o incentivo à cloroquina, a demora na compra de vacinas, o peso da disseminação de notícias falsas sobre o vírus e a atuação do chamado “gabinete paralelo” de aconselhamento sobre saúde. O relatório também vai abordar a relação de empresas como Precisa Medicamentos, Prevent Senior, VTCLog e Davatti com servidores do ministério e as irregularidades que permearam os contratos, além de tratar sobre os serviços dos hospitais federais do Rio na crise sanitária.