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Corporativismo e cargos: as armas dos candidatos à Presidência da Câmara

Caso Brazão, rivalidade com Alexandre Padilha e acenos ao governo marcam primeiras movimentações dos deputados Elmar Nascimento e Marcos Pereira

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 abr 2024, 20h00 - Publicado em 21 abr 2024, 19h53

No último dia 10, o deputado Marcos Pereira, presidente do Republicanos, reuniu a nata dos políticos em Brasília para celebrar o seu aniversário. A festa ganhou ares de campanha, foi usada como demonstração de força e serviu para estender as discussões de um dos temas mais espinhosos deste ano. Horas antes, a Câmara dos Deputados havia se debruçado sobre a soltura do deputado Chiquinho Brazão, preso após ser apontado como o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco.

Para o cidadão comum, um assunto como esse seria indiscutível — qualquer mentor de um crime, por óbvio, merece punição. No entanto, o destino de Brazão, discussão que dominou as rodas de conversa durante a festa, rachou os parlamentares, gerou uma crise com o governo e, em meio a uma imprevisível disputa pelo comando da Câmara, jogou luz sobre as estratégias dos principais candidatos.

O aniversariante Marcos Pereira, vice-presidente da Câmara e candidato a suceder o deputado Arthur Lira (PP-AL) na presidência, faltou à votação — explicou que tomou uma vacina dias antes, ficou derrubado e precisava se recuperar para a festança à noite. Recuperado, trocou sorrisos e afagos com o ministro Alexandre Padilha, chamado de incompetente por Arthur Lira horas depois por causa de uma suposta interferência do governo na votação.

Líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento
Líder do União Brasil, deputado Elmar Nascimento (Divulgação/Divulgação)

Já o principal adversário de Pereira, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (União-BA), assumiu o protagonismo do debate no caso Brazão. Sem meias palavras, defendeu abertamente a soltura do suposto mandante do assassinato de Marielle. Isso porque, argumentou, a Constituição apenas prevê a prisão de parlamentares no caso de flagrante de crime inafiançável — o episódio aconteceu há seis anos e, portanto, não se enquadra na regra. Foi um gesto de corporativismo explícito e que, por apenas 20 votos de diferença, não se sagrou como vencedor. “Na hora de uma festa, você dá convite para qualquer um. Mas, se você for para uma guerra, você vai com o covarde ou com o cara que está do seu lado e não te abandona?”, disse um dos principais estrategistas da candidatura de Elmar Nascimento.

Aliados de Arthur Lira, tanto Pereira quanto Nascimento esperam ser indicados como o nome apoiado pelo presidente da Câmara na eleição marcada para fevereiro de 2025. Nos últimos dias, inclusive, correu em Brasília que haveria um pacto entre os dois – quem estivesse melhor posicionado seria o candidato do grupo, dando fim a qualquer disputa. Até mesmo a realização de uma espécie de prévias partidárias chegou a ser aventada. Enquanto Elmar Nascimento ainda acredita na possibilidade de uma composição, Marcos Pereira descarta qualquer parceria. “Meu nome estará na eleição como candidato à presidência da Câmara. Se for necessário ter disputa, vamos para a disputa”, disse o cacique do Republicanos a VEJA.

Estratégias em campo

Assim, os dois principais candidatos começam a definir suas estratégias. Elmar Nascimento tenta garantir o apoio do PL, o maior partido da Câmara, acredita que também pode ganhar o aval do PT – ele, inclusive, fez as pazes com o chefe da Casa Civil, seu conterrâneo Rui Costa – e tem como barganha, além da distribuição de postos na Mesa Diretora, a poderosa relatoria da Comissão de Orçamento.

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Correndo na outra raia, Marcos Pereira tenta impor algum distanciamento de Lira, envia recados ao governo de que, se eleito, manterá uma relação harmoniosa e, inclusive, viajou no avião presidencial ao lado de Lula num voo para uma cerimônia em São Paulo. Por outro lado, ele também tem feito acenos aos oposicionistas. Nos bastidores, espalhou que considerou a prisão de Brazão ilegal, pelos mesmos motivos aventados publicamente pelo seu adversário, e tenta uma aproximação com o MDB e o PSD, partidos que também têm nomes para comandar a Câmara.

O emedebista Isnaldo Bulhões (AL) é visto como carta fora do baralho por ser aliado do senador Renan Calheiros, adversário número um de Arthur Lira. Já o PSD tem Antônio Brito como candidato – ele é, inclusive, o nome favorito do governo mas, justamente por ser tratado como muito subserviente, pode acabar rifado pelo Centrão.

Cruzando a fronteira

Ainda faltam quase 300 dias para a disputa à Presidência da Câmara, mas as articulações se estendem inclusive para o lado de fora da Casa. Marcos Pereira investe na contratação de estrategistas para definir os próximos passos da campanha, trabalhar a sua imagem e garantir que, dessa vez, a disputa não vai ficar pelo caminho.

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Elmar Nascimento, por outro lado, promove reuniões com empresários, promete blindar a economia de qualquer desgaste no Parlamento e também está focado na dieta – graças a um remédio que virou moda no Congresso, perdeu cerca de 20 quilos nos últimos nove meses.

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