(Atualizado às 19h15)
Meire Bonfim Poza, contadora do doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, ligou o esquema de desvios ao governo do Maranhão. Em depoimento à PF, ela afirmou que Youssef negociou diretamente, a mando das construtoras UTC e Constran, o pagamento de 6 milhões de reais em propinas para que o governo maranhense antecipasse o pagamento de um precatório de 120 milhões de reais que beneficiava as empresas.
A contadora participou de algumas das maiores operações do grupo acusado de lavar 10 bilhões de reais de dinheiro sujo, parte desviada de obras públicas e destinada a enriquecer políticos corruptos e corromper outros com o pagamento de suborno. Em VEJA desta semana, ela revelou que parlamentares notórios, partidos e empreiteiras participavam das tramas.
O precatório se refere a um contrato para serviços de terraplanagem e pavimentação da BR-230 nos anos 1980 – era o quinto na ordem de liberação, mas após o pagamento da propina, a construtora “furou a fila”.
Meire apontou um funcionário da Casa Civil, identificado como João Guilherme, a presidente do Instituto de Previdência do Maranhão, Maria da Graça Cutrim, o diretor financeiro do instituto, um assessor identificado pelo nome de Bringel, e uma procuradora do Estado. Ela relatou ter se reunido com um funcionário do governo estadual, Adarico Negromonte, irmão do deputado Mário Negromonte (PP-BA), para entregar 300.000 reais que “seriam parte do acordo”.
Em nota, a governadora Roseana Sarney (PMDB) afirmou que não conhece Adarico Negromonte. “Só pode receber de minha parte indignação e repúdio pela maneira desrespeitosa e infame de tal hipótese”, disse. “O governo do Estado cumpriu o decidido pela Justiça transitado em julgado de acordo com a lei, sem nenhum favorecimento.”
Maranhão – Em nota, o Governo do Maranhão negou favorecimento no pagamento da ação de indenização proposta pela Constran. “Foi realizado acordo judicial, com acompanhamento do Ministério Público, para negociação dessa ação, que trouxe uma economia de 28,9 milhões de reais aos cofres públicos.”
A nota diz ainda que “o governo reafirma que os pagamentos dos precatórios do Estado seguiram a ordem cronológica, conforme comprovam os alvarás do Tribunal de Justiça”. “Portanto, as acusações feitas não têm fundamento. O Governo do Maranhão apenas cumpriu uma decisão judicial, sem qualquer irregularidade, com anuência do Ministério Público e do Poder Judiciário.”
(Com Estadão Conteúdo)