Comitê criado nos Transportes administrava propinas
Chegaram ao Planalto reclamações de que o grupo achacava empresários

A criação de um comitê para acompanhar contratos dentro do Ministério dos Transportes, em 14 de março, foi o primeiro ato de uma sequencia de erros que levou à queda do ministro Alfredo Nascimento na última quarta-feira. O pretexto para criação do grupo era aprimorar a supervisão ministerial, mas ele transformou-se em um “comitê de arrecadação”, com poderes para aprovar contratos, acompanhar a execução das obras e a liberação de pagamentos.
O grupo chamou a atenção da presidente Dilma Rousseff. Um mês depois, começaram a chegar ao Planalto reclamações de empresários afirmando terem sido achacados pelos integrantes do comitê a pagar propina. O coordenador do grupo era o ex-chefe de gabinete do ministério Mauro Barbosa, que está construindo uma casa avaliada em 4 milhões de reais no Lago Sul, região nobre de Brasília.
O secretário-geral do PR, deputado Valdemar Costa Neto (SP), foi alertado sobre os rumores a respeito da atuação do partido no Ministério dos Transportes e os riscos políticos da operação. O parlamentar era o comandante informal do esquema de cobrança de propina. Ele afirmou em nota divulgada no último domingo que participou de reuniões no ministério no período. “Sempre transparentes, estas reuniões buscam garantir benfeitorias federais para as regiões representadas por lideranças políticas do PR”, informou. Costa Neto é réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF).
Governistas afirmam que o comitê deu sustentação ao PR para segurar Nascimento na pasta que ocupava desde o governo Lula. O novo modelo inaugurou um controle sobre todos os contratos. No PR, não se sabe ainda o rumo que a presidente Dilma dará à pasta nem o que será feito com o comitê. No ministério, no entanto, a informação é de que ele será mantido, mas ainda não está definido se permanecerá com o mesmo formato ou se terá mudanças no modo de atuação.
(Com Agência Estado)