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Citado por delator, ex-gerente de Abreu e Lima nega propina

Glauco Legatti fala à CPI da Petrobras. Segundo operador Shinko Nakandakari, ele teria recebido propina. Colegiado marca data para ouvir Vaccari

Por Gabriel Castro, de Brasília
31 mar 2015, 11h08
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  • Citado pelo engenheiro Shinko Nakandakari, o primeiro dos onze operadores de propina na Diretoria de Serviços da Petrobras a fazer acordo de delação premiada, o ex-gerente da refinaria de Abreu e Lima (PE) Glauco Legatti negou nesta terça-feira ter recebido propina por meio de um intermediário da Galvão Engenharia. Em depoimento à CPI da Petrobras, ele afirmou que as acusações do delator Nakandakari são inverídicas. O ex-gerente se negou a abrir voluntariamente seus sigilos fiscal, bancário e telefônico.

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    “Eu não recebi um centavo do senhor Shinko Nakandakari”, disse ele. Em depoimento prestado sob delação premiada, Nakandakari afirmou ter pago cerca de 400.000 reais em propina para o então gerente de Abreu e Lima. Os pagamentos teriam sido feitos de forma parcelada, sempre em espécie, entre 2013 e 2014. A Galvão Engenharia tinha dois contratos na obra de Abreu e Lima. O valor total se aproximava dos 570 milhões de reais. O delator afirma que a propina foi paga para garantir aditivos aos contratos.

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    Legatti admitiu que conhece Nakandakari há mais de dez anos, mas afirmou que sua relação com o delator era sobretudo de natureza pessoal, sem ligação com as atividades da Galvão. Ele admitiu ter encontrado Nakandakari nos hotéis onde a propina teria sido paga, mas afirmou que as reuniões nunca serviram para tratar de dinheiro ou de contratos da Petrobras. Quando indagado sobre a motivação do amigo para delatá-lo, o depoente disse que talvez Nakandakari tivesse de “fechar alguma conta” e que, por isso, resolveu incluir o nome do ex-gerente entre os denunciados. “O senhor Shinko, que eu considerava como um amigo, usou da minha boa fé para fazer esse tipo de coisa”. A maior parte dos parlamentares não deu crédito à versão de Legatti.​

    O ex-gerente ainda negou ter recursos no exterior, seja em contas bancárias ou em offshore. E disse que não teria motivo para receber 400.000 reais de propina. “Eu ganhava muito mais do que isso como gerente. Não tem sentido um valor desses”, afirmou.

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    O depoente disse que não tem padrinho político e afirmou que sua indicação para Abreu e Lima pode ter partido de Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços da Petrobras que admitiu ter recebido quase 100 milhões de dólares em propina. Segundo o Tribunal de Contas da União, as obras de Abreu e Lima tiveram um superfaturamento de 367 milhões de reais.

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    Glauco Legatti também negou que tenha havido superfaturamento na construção da refinaria. “Houve um acréscimo. Superfaturamento é quando eu digo que uma coisa custa 10 e custa 15. Aqui são custos reais incorridos na obra. Não tem um centavo pago que não tem um serviço em contrapartida”, afirmou. De acordo com ele, o salto nos valores estimados para o empreendimento (de 2,4 bilhões de dólares para 13,3 bilhões) ocorreu conforme os detalhes da obra foram traçados e as dimensões da refinaria foram ampliadas. Ele também afirmou que a falta de experiência prévia em refinarias dessa dimensão ajuda a explicar a discrepância.

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    O ex-gerente ainda assegurou nunca ter desconfiado da formação de um cartel entre as empreiteiras que mantinham contrato com a Petrobras. De acordo com ele, o valor dos contratos nunca ultrapassou a margem estabelecida pela estatal (na maioria das vezes, de 20% acima do valor orçado internamente). ​

    O depoimento de Legatti está em andamento. Pouco antes de começar a oitiva, o relator da CPI, Luiz Sérgio (PT-RJ), anunciou que o colegiado já tem data para ouvir o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto: 23 de abril.

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