No penúltimo debate da campanha eleitoral – marcado para as 23 horas desta segunda-feira, na TV Record -, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) vão trocar alfinetadas sobre montagem de dossiês e escândalos de corrupção. Embora os dois candidatos à Presidência garantam que estão interessados apenas na apresentação de propostas, as equipes preparam a dupla para um duelo.
“O estilo de quem é do mal é justamente de quem diz que é do bem. Nós batemos na política e nosso adversário, na baixaria”, afirma o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas, numa referência ao jingle “Serra é do bem”. “Vamos ser incisivos quando precisar. Se quiserem discutir problema de corrupção, vamos discutir. Aliás, tomara que apareça essa questão de dossiê, pois vamos mostrar a guerra entre tucanos.”
Serra, por sua vez, usará o escândalo para alvejar Dilma, alegando que a quebra do sigilo dos tucanos foi ordenada por um grupo de inteligência da campanha petista. “Mas o confronto será na base da civilidade”, diz o senador Sérgio Guerra (PE), presidente do PSDB e coordenador da campanha de Serra.
O candidato do PSDB vai citar, ainda, a reportagem de VEJA desta semana que revelou que o Ministério da Justiça, o mais antigo e tradicional da República, recebeu e rechaçou pedidos de produção de dossiês contra adversários. Como mostra a reportagem, o Planalto deu ordens para que a Secretaria Nacional de Justiça produzisse dossiês “contra quem atravessasse o caminho do governo”. Os pedidos teriam partido da própria Dilma, então ministra da Casa Civil, e de Gilberto Carvalho, chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Procurado por VEJA, Pedro Abramovay, atual secretário nacional de Justiça, disse: “Nunca recebi pedido algum para fazer dossiês, nunca participei de nenhum suposto grupo de inteligência da campanha da candidata Dilma Rousseff e nunca tive de me esconder – ao contrário, desde 2003 sempre exerci funções públicas”. O ex-secretário Romeu Tuma Júnior, seu interlocutor, porém, confirmou integralmente o teor das conversas: “O Pedro reclamou várias vezes que estava preocupado com as missões que recebia do Planalto. Ele me disse que recebia pedidos de Dilma e do Gilberto para levantar coisas contra quem atravessava o caminho do governo”.
(Com Agência Estado)