Os cinco deputados estaduais do PSB do Rio de Janeiro e o único secretário estadual do partido, Gustavo Tutuca, planejam deixar a sigla e a campanha de Eduardo Campos, pré-candidato à Presidência. Os parlamentares decidiram que apoiarão Luiz Fernando Pezão, do PMDB, para o governo do estado, indo contra a vontade da executiva nacional de lançar candidato próprio no estado. Com medo de uma imposição da direção partidária em 2014, os deputados começaram a se movimentar para sair do PSB – já receberam convites do PMDB e do PDT. Na segunda-feira, os seis se reuniram com o governador Sérgio Cabral, no Palácio Laranjeiras. Na quarta-feira, o encontro foi com o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo, também do PMDB. Cabral e Melo disseram que o partido está aberto para a chegada dos deputados do PSB.
Os insatisfeitos do PSB estão inclinados a migrar para o mesmo partido, e o que mais tem interessado até o momento é o de Cabral. A avaliação dos deputados é de que, com a discussão entre as executivas nacional e estadual sobre apoiar ou não Pezão e Dilma Rousseff, ficou de lado a montagem de uma boa chapa para concorrer à Alerj. O medo de não serem reeleitos é motivo principal para o desembarque geral do PSB.
O presidente regional do PSB no Rio de Janeiro e também prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, anda insatisfeito com as decisões do partido e, até uma semana atrás, era o principal defensor da aliança com Pezão e Dilma. Um dos piores momentos, na avaliação dos integrantes do PSB-RJ, foi a declaração do líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque (RS), ao jornal O Globo, no fim de agosto, dizendo que Cardoso estava “com os olhos e ouvidos fechados para as ruas”. O mal-estar atingiu os deputados estaduais, aliados de Cardoso, prefeito do terceiro maior colégio eleitoral do Rio.
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Na terça-feira, Cardoso foi a Recife para encontrar Eduardo Campos. Ficou decidido que, em 2014, o prefeito poderá caminhar ao lado de Pezão, e que a decisão sobre apoios no Rio de Janeiro ficará a cargo das lideranças estaduais. Sobre a candidatura de Campos à presidência, haverá mais debates internos. “As discussões serão ampliadas”, afirma Cardoso, que, a partir de agora, deve deixar menos explicito o desejo de ajudar a campanha de Dilma.
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Cardoso não se reuniu com os deputados desde a conversa que teve com Campos. Os parlamentares reclamam de nunca terem sido procurados por integrantes do PSB nacional. “Não abrimos mão de decidir o que o é bom para o estado”, diz o deputado estadual Dr. Gotardo.
Os cinco dissidentes e o secretário se reúnem com frequência desde a semana passada para discutir sobre a situação do partido no Rio e os rumos para 2014. Enquanto isso, mantêm um pé do lado de fora do PSB. “Há uma desunião dentro do partido, que tem passado por brigas internas. E os deputados não foram ouvidos no meio dessa história”, reclama o líder do PSB na Alerj, Marcelo Simão. A migração dos deputados para o PMDB implica no apoio a Dilma à reeleição, seguindo os passos de Pezão. E enfraquece a candidatura de Campos, que fará uma cruzada no Sudeste para se tornar mais conhecido – sem apoios importantes no Rio.
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