O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento na noite deste domingo, 23, sobre a prisão de Roberto Jefferson, que se entregou após atirar granadas contra policiais que cumpriam um mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes. A uma semana do segundo turno, o candidato à reeleição tentou se distanciar do ex-deputado federal do PTB.
“Não existe qualquer ligação minha com Roberto Jefferson. Nunca se cogitou ele trabalhar na minha campanha. Quem age dessa maneira está mentindo”, declarou.
A ligação entre Jefferson e Bolsonaro foi logo destacada após o atentado, levando o presidente a declarar, falsamente, que não tem nem fotos com Jefferson.
Depois que o político atirou contra a polícia, apoiadores do ex-deputado, em sua maioria bolsonaristas, foram até o local do crime — e chegaram a agredir um cinegrafista da TV Globo. Aliados do presidente, como o deputado Daniel Silveira, também saíram em defesa do cacique do PTB, e convocaram os seguidores para “defender” Jefferson do Supremo Tribunal Federal.
Padre Kelmon, que assumiu o lugar de Jefferson na corrida presidencial e abraçou o bolsonarismo no segundo turno, mergulhando de cabeça na campanha de Bolsonaro, estava no local neste domingo e entregou as armas de Jefferson à polícia.
Na chegada aos estúdios da Record, onde será submetido a uma sabatina nesta noite, Bolsonaro voltou a chamar Jefferson de “bandido” e relatou como procedeu ao ser informado sobre o episódio.
“Determinei que o Anderson Torres assumisse pessoalmente o deslinde do caso. Falei pra ele, de imediato, que quem atira em policial o tratamento é de bandido. Ele se deslocou para Juiz de Fora na expectativa de receber novas ordens minhas. E assim ocorreu. De lá de Juiz de Fora, determinou que fossem tomadas providências para a prisão do Roberto Jefferson. Assim foi feito”, declarou ele, complementando que pediu para que Torres fosse ao Rio de Janeiro checar a “situação de saúde dos policiais atingidos”.
Além de chamar Jefferson de bandido, Bolsonaro repudiou as falas ofensivas contra a ministra Carmen Lúcia, do STF, e citou uma queixa-crime movida pelo ex-deputado contra ele em setembro.
Revelado pelo site The Intercept Brasil, o processo tramita sob sigilo no Supremo Tribunal Militar. Segundo a reportagem, Jefferson acusou Bolsonaro e o ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, de omissão e prevaricação por não acionarem as Forças Armadas contra o Senado e o Supremo Tribunal Federal para “garantir a lei e a ordem”, justificando a intervenção com supostas prisões ilegais do Ministro Alexandre de Moraes.
O presidente ainda criticou o ex-presidente Lula, seu adversário no segundo turno da eleição no próximo domingo, 30, por usar o caso politicamente. O petista atribuiu a ação de Jefferson à violência política incentivada por Bolsonaro. O presidente negou que a violência parta dele e de seus apoiadores, e que Lula “não tem moral pra criticar quem quer que seja” citando falas antigas do ex-presidente apontadas como machistas.