Bolsonaro tem novo alvo após pressão sobre a Petrobras
Presidente e auxiliares temem que distribuidores de combustíveis não repassem ao consumidor final os descontos decorrentes da redução de tributos
Como parte de seus esforços para reduzir o desgaste de popularidade decorrente do aumento dos preços dos combustíveis, Jair Bolsonaro passou a atacar a Petrobras. Entre outras coisas, ele reclamou do lucro exorbitante da empresa, chamou seus diretores de gananciosos e defendeu a criação de uma CPI para investigar a companhia. Com a ameaça de instalação de uma comissão parlamentar de inquérito, o presidente conseguiu pelo menos um de seus objetivos: a renúncia de José Mauro Coelho do comando da Petrobras, o que abriu caminho para a posse no cargo de Caio Paes de Andrade.
Ex-secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, Andrade assume, segundo integrantes do governo, com a missão de segurar os reajustes da gasolina e do diesel até a eleição. Essa tarefa é considerada essencial para manter as chances de Bolsonaro de conquistar um novo mandato. Com ela devidamente cumprida, auxiliares de presidente e coordenadores de sua campanha à reeleição lançarão uma ofensiva para pressionar os distribuidores de combustíveis a repassar ao consumidor final os descontos obtidos com a redução de impostos no setor.
O governo não quer que os distribuidores embolsem os cortes tributários como forma de ampliar suas margens de lucro. Se isso ocorrer, mesmo com a queda na alíquota de ICMS e a suspensão de PIS e Cofins, por exemplo, os preços nas bombas não cairiam. Ou seja: o esforço do governo seria neutralizado — e eventuais ganhos eleitorais de Bolsonaro, anulados.