O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa afirmou nesta quinta-feira que ainda avalia “dificuldades de ordem pessoal” para decidir se irá se candidatar à Presidência da República pelo PSB e disse que ainda não está pessoalmente convencido sobre o assunto.
De outro lado, entusiastas de uma eventual candidatura de Barbosa, caso do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, enxergam na possibilidade um enorme potencial eleitoral e avisam: o magistrado não foi convidado para entrar na legenda para ser vice em uma composição com outra sigla.
“Eu ainda não consegui convencer a mim mesmo de que devo ser candidato”, disse Barbosa a jornalistas, após um primeiro encontro com um grupo de lideranças e dirigentes do PSB. “Então persiste essa dúvida muito grande de minha parte”, disse, acrescentando que sua família “não é a favor” de sua entrada na corrida presidencial.
Barbosa admitiu ainda que há “dificuldades dos dois lados”, e lembrou que questões regionais trazem alguma resistência a uma eventual candidatura à Presidência. Ainda que oficialmente os pessebistas não assumam divergências, alguma resistência ainda persiste, principalmente da parte de governadores, caso do atual chefe do governo de São Paulo, Márcio França, que tentará a reeleição.
“A opção do Alckmin é a opção mais madura que existe para o Brasil. Agora, o Joaquim não é um candidato ainda”, disse o governador paulista, lembrando que o partido tem até o final de julho, início de agosto para definir sua posição.
França, que era vice de Alckmin e assumiu o comando do Estado com a renúncia do tucano para disputar a Presidência, negou ainda que haja qualquer “pressão” por uma decisão e disse não sentir “ninguém com resistência” dentro do partido. “Eu defendo o Alckmin. Com o tempo, certamente, as coisas vão mudar porque o quadro não está fechado.”
Segundo relatos do próprio Siqueira, que se reuniu com o grupo eleitoral do partido antes do encontro com Barbosa, ninguém demonstrou contrariedade com a possibilidade da candidatura. Para dirigentes partidários, Barbosa já conseguiu vencer boa parte das resistências internas com a divulgação da pesquisa Datafolha no fim de semana, que o coloca com 8% das intenções de voto, em cenários com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e com até 10 por cento, quando o petista não aparece na disputa.
A aposta agora, é que com o esperado crescimento de Barbosa nas pesquisas, as divergências restantes sejam assentadas. Siqueira avaliou que o potencial eleitoral do ex-presidente do STF é ainda maior do que o revelado pelo Datafolha.
Indagado sobre seu desempenho na pesquisa, Barbosa afirmou que “está muito bom”. “Para quem não frequenta ambientes públicos, órgãos públicos, quem não dá entrevista, quem leva uma vida pacata, está muito bom, né?”, disse.
Vice, não
O presidente do PSB aproveitou para deixar claro que uma definição sobre a candidatura tomará o tempo que necessitar e será construída “tijolo a tijolo” para, aos poucos, afinar ideias e projetos. “Se ele não aceitar ser candidato, é um problema para depois. Nós estamos trabalhando e cremos que ele poderá aceitar. Nós apostamos na aceitação, não apostamos na negativa”, disse Siqueira, aproveitando para descartar qualquer chance de o ministro figurar como vice em alguma chapa.
“Nós não convidamos Joaquim Barbosa para o PSB para ser vice de ninguém. Quem tiver essa esperança, pode se desfazer dela, porque isso não vai acontecer”, garantiu. Segundo uma fonte do partido, não há conversas da legenda para formação de chapa e não foi aventada a hipótese de uma dobradinha de Barbosa com a ex-senadora Marina Silva, da Rede, que já concorreu à Presidência duas vezes. Para essa fonte, a informação foi “plantada” por quem a defende e não há essa disposição no partido.