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Auditoria aponta que Cerveró desviou US$ 40 mi

Diretoria Internacional da Petrobras utilizou projeções irreais para justificar a compra de navios-sonda, com valores superestimados

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 Maio 2015, 11h56
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  • Auditoria encaminhada ao Ministério Público aponta uma série de irregularidades cometidas na compra de navios-sonda pela Petrobras e indica que o então diretor da Área Internacional Nestor Cerveró atuou diretamente para fechar contratos desnecessários à empresa e que, ao final, tiveram preços superestimados sem explicação. Cerveró e o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano e apontado como o operador do PMDB no petrolão, são réus por corrupção, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro internacional. Segundo os investigadores, ele atuou na compra de navios-sonda e na captação de propina de empresários.

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    De acordo com a acusação, Cerveró participou da contratação, baseada em dados frágeis, de navios-sonda da Samsung Heavy Industries. Em uma primeira etapa, recebeu 15 milhões de dólares em dinheiro sujo a partir da mediação de Fernando Baiano e recomendou à Diretoria Executiva da estatal a contratação da empresa sul-coreana por 586 milhões de dólares. Na transação para a compra do segundo navio-sonda, Nestor Cerveró teria recebido mais 25 milhões de dólares para que a Samsung conseguisse o contrato ao custo de 616 milhões de dólares.

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    A auditoria interna da Petrobras analisou a compra dos dois navios-sonda adquiridos da Samsung Heavy Industries, o Petrobras 10000 e o Vitoria 10000, além do navio Titanium Explorer 1. Em documento assinado pelo gerente de Auditoria de Exploração e Produção, Paulo Rangel, a contratação das duas plataformas da Samsung foi justificada por “premissas otimistas” que utilizavam um cenário de difícil execução. Ao tentar justificar a necessidade de compra dos navios-sonda, a diretoria Internacional utilizou projeções irreais: a perspectiva de quatro novos blocos por ano, com dois prospectos e 30% de chance de sucesso, além de um poço com 30% de chance de comercialidade e do desenvolvimento de 32 poços por campo. “Com essa visão, estimou-se a necessidade de pelo menos duas sondas nos cinco anos seguintes e de pelo menos seis em dez anos, sem base técnica, mas passando a ideia de perda de oportunidade”, conclui a auditoria.

    “As condições comerciais iniciais para construção do navio-sonda com a Samsung foram negociadas diretamente pelo Diretor da Área Internacional. Além disso, não foram encontrados registros em atas da evolução das negociações que resultaram no contrato celebrado para a construção do navio-sonda Petrobras 10000. Outro fato que chama a atenção é a ausência de designação de comissões de negociação”, afirmam os auditores ao relatarem a atuação de Cerveró.

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    As mesmas projeções irreais sobre a atuação da Petrobras em perfuração em águas profundas foram replicadas como argumento para justificar a compra do segundo navio-sonda da Samsung Heavy Industries, transação que, de acordo com o MP, foi consolidada após o pagamento de propina a Nestor Cerveró. E mais: o mesmo estudo, com as projeções otimistas, serviu como escopo para a negociação e contratação, “sem competição” de um terceiro navio-sonda, o DS-5. A auditoria conclui que o DS-5 e o navio-sonda Titanium Explorer foram contratados “sem necessidade”.

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    “O recebimento de propostas, as negociações e assinatura de memorandos de entendimento foram realizados sem prévia autorização da Diretoria Executiva, revelando a elevada autonomia detida pela área Internacional”, criticam os auditores. “A boa prática de realizar processos competitivos para a seleção de propostas não foi seguida. Os registros das rodadas de negociação e dos respectivos responsáveis foram escassos”, completa o documento enviado nesta segunda-feira ao Ministério Público.

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    Ao longo da transação, lobistas como Julio Camargo e Fernando Baiano visitaram frequentemente Nestor Cerveró – Baiano visitou o então diretor da Petrobras 72 vezes entre fevereiro de 2004 e janeiro de 2008. Entre junho de 2005 e janeiro de 2008, Julio Camargo foi recebido por Cerveró 18 vezes. Camargo fez um acordo de delação premiada e disse ter sido responsável por pagar propina de 40 milhões de dólares para Baiano repassar a Cerveró. O delator depois fez uma retificação na Justiça e informou 30 milhões de dólares como o valor final da propina.

    Os auditores da Petrobras mapearam ainda atuação da empresa Schahin Óleo e Gás na transação envolvendo os navios-sonda e indicaram ter havido direcionamento irregular na indicação da empresa para ser a operadora do Vitoria 10000. Ao longo do tempo, “a Schahin deixou de honrar os pagamentos do leasing, vindo a solicitar e receber bônus por performance antecipadamente no contrato de serviços de perfuração para liquidar suas obrigações”. No último mês o grupo Schahin protocolou pedido de recuperação judicial. Empreiteiras citadas na Operação Lava Jato, como a Galvão Engenharia e a OAS, também já recorreram à Justiça para evitar a falência.

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