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Alô? É o presidente Jair Bolsonaro? Não. É o Jânio

Número de telefone que já foi do presidente da República hoje pertence a Jânio de Souza Vieira, funcionário da coleta de lixo no DF

Por Ricardo Chapola
Atualizado em 19 fev 2022, 18h37 - Publicado em 19 fev 2022, 18h29

Até pouco tempo atrás, falar com o presidente Jair Bolsonaro não era uma tarefa tão complexa assim – especialmente para quem transitava na política. Em Brasília – lugar frequentado por Bolsonaro há, pelo menos, 30 anos, quando foi eleito deputado federal pela primeira vez – o número de celular do capitão era famoso: constava na lista de contatos de boa parte das autoridades e de jornalistas que cobriam a capital. Mas muita coisa mudou desde que ele chegou ao Planalto, em janeiro de 2019. A começar pelo telefone. Hoje, os desavisados que se arriscam a ligar para o antigo celular do presidente serão surpreendidos. Do outro lado da linha, em vez de Jair, atenderá uma outra pessoa que, curiosamente, também responde pelo nome de um presidente.

Jânio de Souza Vieira é dono de uma pequena chácara na região de Paranoá, no entorno de Brasília, onde, por hobby, costuma criar galinhas e animais de pequeno porte. O rapaz, de 41 anos, funcionário da coleta de lixo do Distrito Federal, virou dono do número de celular do atual presidente há dois anos. Por acaso, acabou recebendo o contato a partir de uma recomendação da Claro, no dia em que foi obrigado a procurar a operadora porque tinha perdido seu telefone anterior. O que ele não sabia, no entanto, é que a partir dali sua vida nunca mais seria a mesma. “Passei a receber diariamente centenas de ligações. Pessoas muito importantes começaram a me ligar à procura do presidente, como políticos e membros do Alto Comando do Exército”, contou Jânio em entrevista a VEJA.

No início, Jânio relata que se divertiu bastante. Admite que já aproveitou a situação para aplicar uma espécie de trote nas autoridades que procuravam Bolsonaro, passando-se por assessor da Presidência. “Muita gente me perguntava se eu era assessor dele, ainda mais depois que começavam a ver a foto do meu WhatsApp. E eu dizia que sim. Mas, com o passar do tempo, vi que não tinha mais sentido ficar brincando com uma coisa séria dessas”, afirmou o rapaz, em cuja imagem de perfil no aplicativo aparece abraçado a um cabrito. “Eu tinha que falar a verdade, né?”, completou.

O rapaz já perdeu as contas da quantidade de ligações que recebeu – e ainda recebe, diga-se de passagem. Em 22 de janeiro deste ano, por exemplo, Jânio foi acionado por um militar. Major da PM de Minas Gerais e comandante do Colégio da Polícia Militar de Caldas Novas, em Goiás, Antonio Belelli enviou uma mensagem de áudio para o antigo telefone do presidente para convidar Bolsonaro a participar de um grupo de WhatsApp do qual aliados do presidente, como o deputado federal, major Vitor Hugo (PSL-GO), fariam parte.

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“Boa noite, meu irmão, aqui é o Major Belelli. Sou comandante do colégio militar de Caldas Novas, sou bolsonarista roxo. Temos um grupo muito seleto, com pessoas de altíssimo nível intelectual, econômico, militares, oficiais, superiores. Temos esse grupo para apoiar nosso presidente na reeleição”, contou na gravação, na qual ele também questiona sobre o novo dono da linha. “Queria saber de quem é esse telefone que foi me passado há alguns anos. Na época, disseram que era de um dos filhos do presidente, o nosso senador (Flávio Bolsonaro). Se for, gostaria de adicioná-lo ao grupo. Será bem-vindo”.

Devido ao grande volume de mensagens e pelo fato de já ter trocado de aparelho algumas vezes, Jânio afirma não se lembrar do nome das pessoas que o procuraram nesse período. Ele guarda na memória apenas a vez em que recebeu a ligação do cantor romântico Agnaldo Timóteo em meados de 2020. Timóteo morreu em abril do ano passado, vítima da covid-19, no Rio. “Ele me ligou. Contei a situação toda e ele começou a dar gargalhadas. Disse que tinha ficado chocado que eu, uma pessoa simples, tinha herdado o número do 01. E me agradeceu pela gentileza por ter avisado sobre a troca. Para mim, isso foi uma surpresa muito legal”, afirmou o coletor de lixo.

“De repente, o Brasil todo começou a me ligar achando que eu fosse o presidente. Muita gente importante e que eu nem conhecia me ligou. Sou uma pessoa simples, da roça. Não tenho nenhuma ligação com a política. Mas me sinto privilegiado por ter o número dele comigo. Fiquei conhecido o herdeiro do telefone dele”, diz Jânio, um admirador do presidente da República.

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