Depois de mais de quatro horas de reunião, nesta quinta-feira, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) continuou sem avanços na investigação sobre a denúncia de venda de emendas por parlamentares, feita pelo deputado Roque Barbiere (PTB). A apuração, aliás, corre o risco de ser enterrada na semana que vem. Pelo menos foi o que sugeriu o deputado Campos Machado (PTB) quando a sessão foi suspensa e a votação de todos os requerimentos que deveriam ter sido votados ter sido adiada para a próxima quinta.
Campos Machado quer encaminhar “tudo o que foi reunido até o momento” para o Ministério Público, que investiga o caso. Diante do pedido, o presidente do Conselho de Ética, Hélio Nishimoto (PSDB), solicitou que seja apresentado um relatório completo dos documentos e conclusões feitos pelo conselho até agora para que, então, o pedido de Campos Machado seja votado. Mas também só na próxima reunião.
A oposição voltou a defender a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso. “Estamos temperando hoje a pizza que será levada ao forno e servida aqui na semana que vem”, afirmou o deputado petista líder da minoria João Paulo Rillo.
Um protesto pela criação da CPI foi marcado para a próxima quinta-feira. Partidos como PT, PCdoB, PSol e PDT e entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Movimentos Populares (CMP) e o Sindicato dos Professores do Estado (Apeoesp) pretendem pressionar os parlamentares em busca das três assinaturas que faltam para a instalação da CPI.
Testemunha – Na reunião, o deputado Major Olímpio (PDT) revelou o nome de Terezinha Barbosa, que ele diz ser uma testemunha da prática de venda de emendas. O deputado quer que ela seja ouvida pelo Conselho, já que, segundo ele, pode trazer “muitas informações sobre o submundo das emendas”. “Esta senhora é da extrema confiança do governador Geraldo Alckmin, tem trânsito livre na Casa Civil e na Assembleia”, afirmou o deputado.
Segundo Major Olímpio, Terezinha Barbosa, que é presidente da entidade assistencial Centro Cultural Santa Terezinha, falou com ele sobre o esquema de troca de favores envolvendo a liberação das emendas pelos parlamentares em 2007, em seu primeiro mandato.
“Esta senhora me abordou no corredor e pediu que eu fizesse um encaminhamento de emenda para sua entidade. Eu nem sabia que no primeiro mandato tínhamos direito de liberar emendas, então ela me disse: ‘Vamos na Casa Civil que eu mostro ao senhor'”, contou Olímpio. “Ela me relatou que alguns parlamentares usavam estratégias para obter algum retorno financeiro com emendas dizendo: ‘Olha, eu ajudo sua entidade, mas você também tem que ajudar a minha que ainda não está completamente regularizada para a elaboração de convênios”.
O deputado disse ainda que, ao perguntar os nomes dos parlamentares envolvidos, ela disse: “Eu estou apenas relatando um fato, mas não quero acordar com a boca cheia de formigas”.