Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS no Senado, o advogado espanhol Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht entre 2011 e 2016, disse nesta quinta-feira, 30, que os documentos utilizados pelo então procurador-geral da República (PGR) Rodrigo Janot, em denúncia contra o presidente Michel Temer, foram “adulterados”. Para ele, as provas são falsas.
Tacla Duran se refere aos documentos do sistema de comunicação secreto do setor de propinas da Odebrecht, chamado de Drousys. O advogado disse aos parlamentares que contratou uma perícia que mostra que sistemas internos da empreiteira foram adulterados antes de serem entregues ao Ministério Público Federal.
Alguns das informações disponibilizadas no Drousys pela Odebrecht foram usados por Janot para embasar a segunda denúncia contra o presidente da República, por obstrução de Justiça e organização criminosa, rejeitada recentemente na Câmara dos Deputados.
“A perícia comprova que os extratos do Meinl Bank são falsos. Comprovam também que o sistema Drousys da Odebrecht foi manipulado e adulterado, antes, durante e depois de ter sido bloqueado pelas autoridades da Suíça. Isso quer dizer que essas informações não se prestam como provas para incriminar quem quer que seja, muito menos deputados, senadores e o presidente. A prova é nula”, disse Tacla Duran.
Esquema
Duran foi convocado para depor à CPMI porque é apontado como operador de propinas da Odebrecht. O advogado tem um pedido de prisão expedido pelo juiz Sergio Moro, mas se mantém em liberdade na Espanha, onde vive atualmente. Por causa do pedido feito pelo magistrado, Tacla Duran foi alvo de uma solicitação de extradição para o Brasil, o que foi negado por autoridades espanholas.
“Eu não parto da premissa de que o procurador Janot estava mentindo. Eu parto da premissa de que ele obteve [os documentos] no Drousys, mas isso prova que o sistema foi manipulado depois do bloqueio feito pela Suíça em março de 2016”, argumentou o advogado em videoconferência, a partir da Espanha, aos deputados.
Tacla Duran se recusou a entrar no acordo de delação que envolveu 77 executivos ligados à empreiteira. Ele é acusado de operar, ao lado de executivos do chamado “departamento de propinas” da Odebrecht, pagamento de suborno de dois contratos firmados pelos consórcios Pipe Rack e TUC, integrados pelas empresas Odebrecht e UTC, com a Petrobras para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).