A pista dada por Paes para 2024 ao sugerir internação compulsória no Rio
Publicação de prefeito contra escalada da violência na cidade indica que assunto será central na eleição municipal do ano que vem

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), sugeriu nesta terça-feira, 21, a implementação de uma política de internação compulsória para usuários de drogas na cidade. A proposta foi apresentada em uma publicação feita por ele em suas redes sociais, após a morte, neste fim de semana, de um jovem de 25 anos, esfaqueado na orla de Copacabana. O tema é comumente apresentado por candidatos mais à direita especialmente durante períodos próximos de eleições, e indica uma aposta de Paes pela pauta de segurança pública já de olho no pleito municipal de 2024.
Com inúmeros relatos de arrastões e assaltos após os shows que aconteceram na capital carioca, nos últimos dias — com apresentações da banda Rebelde e de Taylor Swift —, a segurança no Rio voltou a ser questionada. O cenário se mostrou ainda pior com a morte de Gabriel Mongenot Santana Milhomem Santos, de 25 anos, na madrugada do último domingo. Ele estava na cidade com um grupo de amigos para o show da cantora norte-americana e foi vítima de um latrocínio (roubo seguido de morte) na praia, morto com uma facada.
Além da morte do jovem, a lista de crimes traz ainda conflitos no mesmo bairro entre torcedores do Boca Juniors e do Fluminense, dias antes da final da Libertadores, além dos episódios da queima de ônibus na Zona Oeste e da morte dos médicos em um quiosque na Barra da Tijuca. Nem todos, claro, sob a responsabilidade do prefeito Eduardo Paes, que comanda apenas a Guarda Civil, já que as polícias são subordinadas ao Estado. Para a população, no entanto, mais importante que achar um culpado, é se sentir seguro. Por isso, a sequência de problemas na segurança pública do estado nos últimos meses, e especialmente na capital carioca, tem apontado cada vez mais a bússola eleitoral de 2024 justamente para esse tema: o combate à violência.
Visto desde o ano passado como um aliado do presidente Lula (PT), Paes tem sido apontado por opositores à direita como um político de esquerda, algo que se repetirá nos próximos meses e será intensificado nas eleições. A ideia é empurrar o prefeito para esse campo do espectro político, em um estado com eleitorado que tem se mostrado majoritariamente conservador, na expectativa de desidratá-lo. Daí a postura mais combativa do mandatário, que como havia feito em sua primeira gestão, entre 2009 e 2012, volta a sugerir “a internação compulsória de usuários de drogas” para combater “o caos que vemos nas ruas da cidade” contra aqueles que resistem ao acolhimento oferecido pela Prefeitura.
https://twitter.com/eduardopaes/status/1726951986531107255
Resta saber, no entanto, como isso pode repercutir entre aliados de Paes que se colocam, de fato, mais à esquerda, como o próprio presidente Lula e políticos do PT, que integram a base de seu governo na capital. A medida, citada recorrentemente também como eventual solução para a cracolândia em São Paulo, costuma ser alvo de críticas de especialistas na área da Saúde.