A campanha invisível de Zema para Bolsonaro
Sem apoiar formalmente o presidente, governador de Minas Gerais segue à risca estratégia definida para desgastar Lula no estado
Apesar das investidas da campanha de Jair Bolsonaro, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), evitou repetir a dobradinha de 2018 e não formalizou uma aliança para apoiar a reeleição do presidente. O motivo: Zema resistiu a colar sua imagem à de Bolsonaro, temendo que a rejeição ao presidente pudesse contaminar a própria candidatura.
Mesmo sem andar de mãos dadas com Bolsonaro no primeiro turno, Zema tem dado contribuições estratégicas para a campanha do presidente. Aliados mais próximos de Bolsonaro garantem que já há um acordo, com dia e hora marcados, para que o governador mineiro anuncie apoio ao presidenciável no esperado segundo turno da disputa contra o ex-presidente Lula.
Até lá, Zema mantém contato com os principais articuladores da campanha bolsonarista e alimenta a tropa com dados otimistas de pesquisas de opinião internas que apontam que o presidente já superou Lula no estado. Na semana passada, após um interlocutor em Brasília ter tido acesso aos dados, o resultado foi celebrado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, em uma rede social. “Datafolha, só para avisar, viramos em Minas”, escreveu o ministro.
O número é bem diferente de pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (15). Conforme dados do instituto, o presidente até encurtou a diferença para Lula, mas o petista segue na dianteira com 43% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro.
Zema também tem seguido à risca um acordo que fez com articuladores de Bolsonaro de colocar o PT como o principal alvo de ataques durante a campanha. Nas propagandas eleitorais na televisão, o mineiro tem feito seguidas críticas ao ex-governador Fernando Pimentel (PT), hoje candidato a deputado federal, e tentado colar a imagem do petista à de seu principal adversário na disputa ao governo, o ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), apoiado pelo PT.
Dessa maneira, avaliam os estrategistas, consegue desgastar Lula no estado. “Isso nos ajuda. Não tenho dúvidas de que grande parte do crescimento do presidente lá deve-se a esses ataques”, disse um articulador da campanha de Bolsonaro.