O inimigo externo de Jair Bolsonaro
Thomas Traumann analisa a tática usada pelo presidente para tentar unir o país contra as críticas recebidas pelo seu governo
Ao longo de sua campanha presidencial, Jair Bolsonaro criou uma imagem de fácil compreensão sobre o que era o inferno: a Venezuela. Bolsonaro dizia que o Brasil corria o risco de virar uma Venezuela, ou seja, um país com hiperinflação, fome, desemprego, recessão e falta de liberdades individuais. Funcionou. E até hoje, ele repete esse bordão.
Agora, em meio à polêmica com o presidente francês Emmanuel Macron, Bolsonaro tirou outra carta da manga: a da defesa da soberania nacional. Dezenas de líderes usaram a tática de criar um inimigo externo para unir os seus países e desviar a união pública. Agora é a vez de Bolsonaro. E a pergunta é: vai funcionar? A liderança de Bolsonaro é consistente o suficiente para unir os brasileiros em um movimento nacional contra as críticas estrangeiras?