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Futebol meia bomba, 3D idem

TV Globo exibe nos cinemas, em fase experimental, jogos da Copa do Mundo com imagens tridimensionais

Por Por João Marcello Erthal
25 jun 2010, 21h32

TV Globo, que promoveu a exibição em caráter experimental, justifica as deficiências pela velocidade baixa de processamento das imagens e ressalta: por enquanto, não passa de um teste

É certo que, em campo, Brasil e Portugal não ajudaram muito. Mas a primeira experiência de transmissão aberta ao público de partidas da Copa do Mundo em 3D, em duas salas de cinema em São Paulo e uma no Rio, deixou a sensação de que há um longo caminho até que as transmissões de futebol sejam tão prazerosas quanto filmes como Avatar ou animações infantis na tela grande. Se é sensacional perceber a bola viajar em direção à platéia, ainda é irritante e cansativo tentar acompanhar a jogada quando a câmera se desloca rapidamente na horizontal. Quando isso acontece, o que se vê é quase um borrão – algo que leva os saudosistas a lembrar da baixa definição e da altíssima emoção do Canal 100 em câmera lenta. “Este e outros defeitos certamente não foram percebidos por quem assistiu aos jogos em 3D na África, sem as várias etapas de decodificação para o sinal chegar até aqui”, diz Fábio Lima, sócio-diretor da MovieMobz, empresa que participou da negociação da venda de ingressos no Brasil. A TV Globo, que promoveu a exibição em caráter experimental, justifica as deficiências pela velocidade baixa de processamento das imagens e ressalta: por enquanto, não passa de um teste. A qualidade aquém do desejado foi, segundo a Globo, o que inviabilizou a comercialização das exibições de jogos da Copa em 3D nos cinemas. “Não abrimos ao público porque não estamos totalmente confiantes de que funcione perfeitamente em larga escala”, explicou José Dias, diretor de pesquisas e desenvolvimento da Globo. O próprio Dias, porém, conta que, no México e nos Estados Unidos os jogos, com o mesmo sinal 3D que foi gerado para o Brasil, foram vendidos ao público. A voz era a de Galvão Bueno, muitas vezes desencontrada da imagem e ligeiramente adiantada em relação aos lances mostrados. Mas o que se via em 3D era o produto de sete posições de câmera bem diferentes do que é registrado para a transmissão universal, que conta com 32 câmeras em alta definição. O melhor do jogo são as imagens a média distância – ou seja, nem em close nem tão longe a ponto de se avistar quase o campo inteiro. Neste caso, o efeito 3D ajuda a dar profundidade, realça a distância entre os jogadores e dá um gostinho de arquibancada à transmissão. O ‘susto’ com a bola que escapa da tela, ou com o salto do jogador que aparece de repente no quadro, ocorre nas tomadas mais próximas. Mas, talvez pelo fundo esverdeado, talvez pela grande distância entre os jogadores, há momentos em que quem está em primeiro plano fica ‘chapado’ na tela, enquanto o fundo perde o foco. A diferença em algumas posições do campo é tanta que o jogador parece estar à frente de um chroma-key, aqueles fundos artificiais usados na TV. Globo não tem pressa – As transmissões de TV são, para a Globo, o que interessa na nova tecnologia. “Estamos acompanhando todos os estudos e fazendo testes com o 3D. Certo é que, assim como chegaram ao cinema, as imagens tridimensionais são o futuro da TV”, avalia José Dias, da Globo. Das diferentes tecnologias em desenvolvimento, uma interessa particularmente à emissora: a conversão das imagens normais em 3D. “Captar em 3D significa um custo 30% mais alto que a gravação normal em alta definição. Na Globo, nós geramos 2 500 horas por ano de gravações. Temos que escolher com cuidado que caminho vamos tomar”, explica. Outra razão que faz a conversão do ‘2D’ para o 3D ser interessante para a Globo é a possibilidade de criara novos produtos a partir de programas do arquivo da emissora. “Com a conversão, posso escolher o que tenho de melhor e relançar em formato Blu-Ray”, adianta Dias. Por enquanto, na TV aberta no Brasil, só a Rede TV transmite imagens em 3D. As experiências da Globo nesse formato incluem o desfile das escolas de samba do Rio em 2010 – captado e 3D para lançamento pela Sony – e algumas gravações experimentais, como em ‘Caminho das Índias’ e em ‘Viver a Vida’. A Sony, que gera imagens em 3D da Copa e já começou a vender por encomenda televisores com a nova tecnologia, não tem a mesma parcimônia da emissora de TV. Afinal, para vender TVs, quanto mais rápido o conteúdo estiver disponível, melhor. Para isso, a Sony comprou os direitos para captar 25 partidas da Copa da África em 3D e vai lançar, em seguida, em formato Blu-Ray. Para não ficar restrita ao futebol e ao carnaval, a empresa lançará, junto com as TVs que começam chegar ao mercado em agosto, dois filmes – Tá chovendo Hambúrguer e O fundo do mar. A previsão da diretora de engenharia de transmissão da Globo, Liliana Nakonechnyj, é de que até o fim deste ano o 3D chegue às TVs por assinatura. Para a TV aberta, no entanto, nem na Copa de 2014. “Não é algo que vá caminhar tão rápido. Com o High Definition, fizemos testes nas copas de 1998, 2002 e 2006. Só agora, na de 2010, o sinal está se estabelecendo como padrão”, compara Liliana.


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