Obesidade pode levar à deficiência de vitamina D, mas o contrário não ocorre
Pesquisadores estimam que cada 10% de aumento no IMC leva a 4,2% de queda na concentração de vitamina D
A obesidade pode levar à deficiência de vitamina D, mas a deficiência de vitamina D não leva à obesidade. Essa é a principal conclusão de um amplo estudo que analisou dados de 42.024 participantes de 21 pesquisas, publicado nesta terça-feira no periódico científico Plos Medicine.
Conheça a pesquisa
TÍTULO ORIGINAL: Causal Relationship between Obesity and Vitamin D Status: Bi-Directional Mendelian Randomization Analysis of Multiple Cohorts
ONDE FOI DIVULGADA: periódico Plos Medicine
QUEM FEZ: Karani S. Vimaleswaran, Diane J. Berry, Chen Lu, Emmi Tikkanen, Stefan Pilz, Linda T. Hiraki, Jason D. Cooper, Zari Dastani, Rui Li, Denise K. Houston, Andrew R. Wood, Karl Michaëlsson, Liesbeth Vandenput e Lina Zgaga
RESULTADO: A obesidade pode levar à deficiência de vitamina D, mas a deficiência de vitamina D não leva a obesidade. Os pesquisadores estimam que cada 10% de aumento no IMC leva a 4,2% de queda na concentração de vitamina D.
Para os autores, a descoberta tem grande importância para a saúde pública, uma vez que a obesidade vem crescendo em todo o mundo, o que indica que a deficiência de vitamina D também pode aumentar.
A vitamina D é produzida pela pele após a exposição ao sol, mas também pode ser obtida através da alimentação. Ela é encontrada principalmente em leite e derivados, além de peixes oleosos, como cação e salmão, ricos em ômega 3. A falta dessa vitamina pode causar, além de problemas ósseos, alterações na liberação de insulina e no controle da pressão arterial, por exemplo.
O estudo relacionou os principais genes ligados à obesidade com aqueles referentes à vitamina D, e a associação entre o aumento do índice de massa corporal (IMC – calcule aqui seu IMC) e a redução da vitamina D se mostrou muito consistente. Os pesquisadores estimam que cada 10% de aumento no IMC leva a 4,2% de queda na concentração de vitamina D mas, por outro lado, a deficiência de vitamina D não exerce influência sobre o IMC.
“Nosso estudo sugere que uma intervenção a nível populacional para reduzir a obesidade poderia levar a uma redução na prevalência de deficiência de vitamina D”, afirmam os autores.
Opinião da especialista
Myrna Campagnoli
Endocrinologista do Laboratório Delboni Auriemo
“A relação entre vitamina D e obesidade, diabetes e hipertensão tem sido muito estudada. Esse trabalho mostra não só uma correlação clinica, que já é bem estabelecida, mas também uma correlação genética.
“A maioria das outras pesquisas aborda apenas a relação clinica, mas não tinha até então sido demonstrado ‘quem causava quem’, ou seja, que a obesidade pode influenciar a concentração de vitamina D, mas o contrário não acontece.
“Esse trabalho é focado na obesidade de causas genéticas, que corresponde a cerca de 5% a 7% dos casos de obesidade, mas clinicamente a gente observa que a mesma relação ocorre para a obesidade de causas externas, como a má alimentação.
“Isso significa que a monitorização da vitamina D é importante para todas as pessoas com doenças metabólicas. Mas é importante ressaltar que a vitamina D só deve ser suplementada em casos de deficiência”.