Ucrânia diz que destruiu blindados russos que entraram em seu território
Incursão confirmada pela Otan ocorreu na noite de quinta-feira; russos negam violação
A artilharia ucraniana destruiu parte “significativa” de uma coluna de blindados russos que atravessou a fronteira da Ucrânia durante a noite de quinta-feira, disse o presidente Petro Poroshenko ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, nesta sexta-feira, de acordo com o site da Presidência do país.
Paralelamente, um porta-voz militar ucraniano disse que as forças do país monitoraram a coluna russa de blindados assim que ela entrou em solo ucraniano. “Ações apropriadas foram tomadas e parte dela [a coluna de blindados] não existe mais”, disse o porta-voz militar Andriy Lysenko a jornalistas.
A Rússia oficialmente nega que alguns dos seus veículos militares tenham cruzado a fronteira e entrado em território ucraniano. A informação sobre a violação de fronteira foi divulgada inicialmente pelo jornal britânico The Guardian, que apontou que 23 veículos blindados de transporte de tropas haviam atravessado a fronteira. Posteriormente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) apontou a presença dos veículos.
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O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta sexta-feira que a aliança observou uma “incursão” russa em território ucraniano. Durante visita a Copenhague, Rasmussen disse aos jornalistas que “na noite passada vimos uma incursão para a Ucrânia”.
Segundo o The Guardian, os veículos militares faziam a escolta de um comboio formado por mais de 200 caminhões que transportavam ajuda humanitária para a população do leste da Ucrânia. Ainda de acordo com o jornal, os caminhões pararam inicialmente a menos de 20 quilômetros da fronteira, ainda em território russo, e apenas os blindados prosseguiram, usando um buraco na cerca de arame farpado.
Na avaliação do The Guardian, os blindados provavelmente não faziam parte de alguma ponta-de-lança de uma invasão maciça – uma iniciativa desse tipo prevê uma movimentação bem mais intensa -, mas uma coisa é certa: a operação respalda as acusações da Ucrânia de que os militares russos agem livremente no território vizinho para apoiar os rebeldes pró-Rússia, que travam há meses combates com as tropas do governo ucraniano.
Já o comboio humanitário voltou a prosseguir na manhã desta quinta-feira, entrando na Ucrânia por um posto de fronteira na região de Dontesk. No momento, os caminhões estão sendo inspecionados por guardas de fronteira ucranianos. Com a inspeção, Kiev pretende evitar que o comboio seja usado para transportar armas para os rebeldes.
(Com agência Reuters e Estadão Conteúdo)