Putin sinaliza acordo final com a Ucrânia para sexta-feira
Presidente russo espera que detalhes sejam acertados em uma reunião em Minsk, na Bielorrússia. EUA reforçam apoio aos países do leste europeu
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira que concordou com seu colega ucraniano Petro Poroshenko sobre um plano de ação para solucionar o conflito no leste da Ucrânia, segundo a agência de notícias russa Itar-Tass. Putin, porém, afirmou esperar que o acordo e os detalhes finais sejam fechados apenas na sexta-feira, durante negociações em Minsk, capital da Bielorrússia.
Mais cedo, o governo da Ucrânia publicou em sua página na internet que Poroshenko havia fechado com Putin um acordo de cessar-fogo permanente para as regiões do leste do país, onde confrontos entre separatistas pró-Moscou e forças ucranianas tiveram início cinco meses atrás. Em resposta, o Kremlin informou que Putin e Poroshenko haviam discutido medidas para o estabelecimento da paz, mas que Moscou não poderia ter fechado um acordo do gênero porque a Rússia “não faz parte do conflito”. O Kremlin nega que tenha enviado soldados e armamentos para auxiliar os separatistas no leste da Ucrânia, como acusam Kiev e governos do Ocidente.
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Putin também pediu que insurgentes pró-Moscou parem de avançar no leste ucraniano e que o Exército da Ucrânia retire suas forças da região. Segundo o presidente russo, a troca de presos, um corredor humanitário para os refugiados e envio de ajuda estão entre medidas para resolução de conflito na Ucrânia. “Nossos pontos de vista sobre o modo de resolver o conflito, pelo que me parece, são muito próximos”, disse Putin a repórteres na capital da Mongólia, Ulan Bator, confirmando ter conversado mais cedo nesta quarta com Poroshenko. No entanto, o primeiro-ministro da Ucrânia, Arseny Yatsenyuk, alertou Kiev para não confiar nos planos propostos pelo presidente russo. “A real intenção de Putin é destruir a Ucrânia e restaurar a União Soviética”, declarou o premiê.
Apoio dos EUA – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quarta que um cessar-fogo na Ucrânia pode ser eficaz apenas se Moscou parar de “fingir” que não estava controlando separatistas pró-Rússia e parar de mandar tropas e armas para o país vizinho. Obama fez os comentários em viagem à Estônia, um dos três ex-países soviéticos do Báltico que fazem fronteira com a Rússia e que temem que a rebelião no leste ucraniano possa trazer problemas para eles. Todos os três possuem consideráveis minorias russas e dependem do fornecimento de energia da Rússia.
“Temos consistentemente apoiado o esforço do presidente Poroshenko de alcançar um significativo cessar-fogo que possa conduzir a um acordo político”, disse Obama em uma coletiva de imprensa em Tallinn durante uma breve visita, cuja intenção era salientar o comprometimento dos EUA e da Otan com a segurança no leste europeu. “Nenhum acordo político realista pode ser alcançado se a Rússia efetivamente continuar enviando tanques e soldados e armas sob o disfarce de separatistas”, completou Obama.
Obama chegou a Tallinn, de onde seguirá para uma cúpula da Otan no País de Gales, a fim de reassegurar os três Estados bálticos – Lituânia, Letônia e Estônia – que a organização os apoiaria e que os EUA estão comprometidos a proteger a fronteira leste da aliança militar. Sob o tratado da Otan, um ataque a qualquer Estado-membro seria tratado como um ataque a todos os membros da aliança. Os Estados bálticos se juntaram à Otan e à União Europeia em 2004. A Ucrânia não faz parte de nenhum dos dois. Mais de 2.600 pessoas morreram nos conflitos no leste ucraniano, responsáveis pela maior crise nas relações da Rússia com o Ocidente desde a Guerra Fria.
(Com agências Reuters e France-Presse)