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Ato em Hong Kong tem ‘turismo de protesto’ e reciclagem de lixo

Separação do lixo, coordenação para garantir suprimentos aos que ocupam ruas e avenidas e até pedidos de desculpas pelos transtornos marcam movimento que exige democracia

Por Da Redação
30 set 2014, 14h04

Os milhares de moradores de Hong Kong que têm ocupado as ruas exigindo democracia mantêm um hábito em comum: manter limpo o local do protesto, reservando tempo até mesmo para separar materiais recicláveis. “Em uma área tão grande, se não cuidarmos bem do lixo, teremos problemas de higiene e desordem”, disse ao jornal The New York Times o estudante de medicina Sal-ching, de 21 anos de idade, enquanto ajudava a separar o lixo. “Nesse protesto, queremos mostrar nossa cidadania e nossa vontade de ter um governo democrático. Embora seja um gesto pequeno, essa limpeza mostra os valores que todos os cidadãos de Hong Kong deveriam ter”.

Os manifestantes querem o direito de eleger o chefe executivo local sem as barreiras impostas por Pequim, que pretende limitar a lista de candidatos a nomes pré-aprovados. A imprensa estatal considera os protestos uma conspiração orquestrada pelo Ocidente para derrubar o Partido Comunista. Inicialmente, afirma o NYT, as manifestações foram articuladas por organizações de acadêmicos e estudantes, mas o movimento cresceu e agora abriga demandas que vão de um diálogo com o governante indicado por Pequim, Leung Chun-ying, até sua renúncia imediata. Contudo, não há sinal de que as autoridades estejam dispostas a atender aos manifestantes. Leung Chun-ying disse nesta terça que as manifestações devem acabar “imediatamente”. Em resposta, os manifestantes ameaçaram ampliar o movimento e ocupar prédios públicos.

Caio Blinder: Revolução dos guarda-chuvas, em Hong Kong, é um jogo de paciência

Maya Wang, pesquisadora da ONG Human Rights Watch, disse ao jornal americano que a força dos protestos está na descentralização, o que impede que a prisão de alguns líderes esvazie o movimento. “A fraqueza está, é claro, na possibilidade de haver confusões e divisões conforme a situação evolui”. Embora o movimento não tenha líderes formais, alguns nomes já despontam, como o de Joshua Wong, um jovem magro de óculos, de apenas 17 anos de idade. Segundo a rede CNN, ele chegou a ser detido na última sexta-feira, ao invadir uma área do governo durante um protesto, e foi liberado no domingo.

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Muitos participantes admitem que o movimento pode fracassar, mas outros afirmam que os protestos, com sua atenção à higiene e às boas maneiras – com direito a cartazes pedindo desculpas pela “inconveniência causada” aos moradores – é uma prova das boas intenções dos manifestantes. Um dos principais transtornos é o bloqueio do tráfego em vias importantes. Por outro lado, surgiu na região um “turismo de protesto”, com visitantes sozinhos ou em grupo indo aos locais de ocupação registrar em fotos a movimentação, informou a rede CNN.

No início do dia, a movimentação é majoritariamente de estudantes universitários, aposentados e trabalhadores que tiraram o dia de folga. À noite, quando todos saem do trabalho e a temperatura é mais agradável, o número de participantes aumenta, fica mais barulhento e mais diversificado. Jovens fazem a lição de casa nas ruas e muitos dormem ao relento, voltando para casa de manhã para tomar banho e descansar um pouco.

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Tarefas coordenadas – O uso da tecnologia e das redes sociais também está presente e ajuda a manter as coisas em ordem. Serviços de mensagens instantâneas auxiliam na busca de voluntários e medicamentos para tratar os efeitos decorrentes do uso de gás lacrimogêneo e gás de pimenta. As redes sociais também são um canal para os manifestantes saberem que tipo de suprimentos é necessário: água, biscoitos, máscaras e guarda-chuvas, que se tornaram o principal símbolo da que já está sendo chamada “Revolução dos Guarda-Chuvas”.

“Um guarda-chuva não parece ameaçador. Ele mostra como o povo de Hong Kong é indulgente, mas, quando você ultrapassa o limite, todos nos unimos, da mesma forma que os guarda-chuvas são abertos ao mesmo tempo quando chove”, filosofou Chloe Ho, estudante de história de 20 anos, que estava distribuindo maçãs, chocolate e lenços umedecidos para manifestantes que ocupavam uma avenida.

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