Novatos surpreendem veteranos e dominam primárias republicanas

Scott Walker, governador de Wisconsin durante os últimos cinco anos e ganhador de três eleições, se retirou nesta segunda-feira da campanha pela candidatura presidencial republicana nos Estados Unidos. Em seguida à desistência, nesta terça, uma pesquisa da CNN situa no topo três pré-candidatos recém chegados à política. Não se trata de uma casualidade, mas do máximo expoente de um fenômeno que está se intensificando na medida em que avançam as primárias do Partido Republicano, com os aspirantes novatos pouco ou nada vinculados anteriormente à política sobrepujando os oponentes mais experientes no setor público.

O bem-sucedido histórico de Walker gomo governador de Wisconsin e seu perfil ideológico, de caráter marcadamente liberal no terreno econômico, ajudaram-no a ser um dos favoritos da legenda republicana. Além disso, ele era apontado como um dos pré-candidatos que poderia protagonizar primárias construtivas, fugindo das frases bombásticas e promessas vazias para debater ideias e projetos importantes para o próximo governo. Rick Perry, que ostenta o recorde de ter sido governador do Texas por mais tempo, foi o primeiro político experiente a se retirar da disputa republicana por falta de apoios.

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Outro candidato considerado bem preparado e com um bom capital político é o ex-governador da Flórida, Jeb Bush. O filho e irmão dos ex-presidentes George Bush e George W. Bush, porém, se afunda cada vez mais nas enquetes. No extremo oposto se situam o magnata Donald Trump, a ex-diretora-executiva da Hewlett-Packard Carly Fiorina, e o neurocirurgião aposentado Ben Carson, que, nesta ordem, lideram a última pesquisa divulgada pela CNN. Nem Trump nem Carson têm experiência prévia no setor público, enquanto Fiorina tem experiência em campanha, mas não em cargos eletivos. Ela protagonizou uma tentativa frustrada de entrar na política em 2010, quando concorreu a uma vaga como senadora pela Califórnia, mas perdeu por dez pontos contra a democrata Barbara Boxer.

Na pesquisa da CNN, que ainda contava com Walker entre os pré-candidatos, ele não alcança nem 1% dos apoios, quando em março tinha chegado a liderar, com 17%. Outros quatro pré-candidatos acompanham Walker na parte de baixo da classificação, todos políticos veteranos e com menos de 1% – fato que os situa como os próximos potenciais desistentes da corrida. Trata-se de George Pataki, governador de Nova York durante 11 anos; Bobby Jindal, governador da Louisiana desde 2008; Lindsey Graham, senador pela Carolina do Sul e que ocupa cargos políticos ininterruptamente desde 1993; e Jim Gilmore, ex-governador da Virgínia.

Em seu discurso de retirada, Walker pediu a outros candidatos, sem citar nomes, que sigam se seu exemplo e abandonem a corrida para oferecer “uma alternativa positiva conservadora” ao atual líder das enquetes, Trump. A disputa republicana, que meses atrás parecia tranquila, se transformou em um trampolim para os novatos e um pesadelo para os veteranos, que tentam aplacar, inclusive às custas de suas próprias candidaturas, o efeito Donald Trump.

(Da redação)