Os eleitores gregos reconduziram o ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras ao poder com uma votação expressiva nas eleições neste domingo. O esquerdista Syriza, partido de Tsipras, terá um mandato de quatro anos.
Diante de uma multidão na praça central de Atenas, Tispras disse que, com a vitória, se sentia “vingado”. O ex-primeiro-ministro renunciou em agosto depois da revolta em seu partido contra um resgate de bilhões de euros acertado com credores internacionais.
“Na Europa, hoje, a Grécia e o povo grego são sinônimos de resistência e dignidade – e essa luta continuará por mais quatro anos”, disse Tsipras. “Temos dificuldades à frente, mas estamos em terreno sólido. Não vamos nos recuperar desses problemas por magia, mas com trabalho duro”.
Com cerca de um quarto dos votos contabilizados, o partido de Tsipras, o Syriza, tem 35,3% dos votos, deixando facilmente para trás seu principal adversário, o conservador Nova Democracia, com 28,1%.
O ministro do Interior disse que o resultado das urnas garantirá ao Syriza 144 assentos no parlamento (que tem 300 cadeiras), cinco a menos do que quando o partido chegou ao poder pela primeira vez, no início do ano. O Nova Democracia já reconheceu a derrota.
Coalizão – Uma fonte do Syriza afirmou que o partido deverá se voltar novamente ao pequeno partido de direita Gregos Independentes para formar uma coalizão. Se essa alternativa for levada adiante, estará restaurada a aliança que levou Tsipras ao poder pela primeira vez, há nove meses.
O primeiro-ministro convocou eleições no último mês quando seu partido dividiu-se ao se posicionar sobre um pacote de resgate de 86 bilhões de euros acertado com a União Europeia. O mandatário aceitou o pacote, mesmo que, em um referendo, a opinião popular tenha pedido o contrário.
Tsipras espera formar um novo governo em até três dias, afirmou outra fonte de dentro do partido. “O resultado eleitoral parece se consolidar com Syriza e o senhor Tsipras na liderança. Eu o parabenizo e peço que crie logo o governo que é necessário”, disse o líder do Nova Democracia, Vangelis Meimarakiis. O terceiro lugar nas eleições parece destinado novamente a ser do Aurora Dourada, um partido de extrema-direita cujo símbolo se assemelha à suástica nazista. A legenda tem cerca de 7% dos votos.
A vitória de Tsipras é aparentemente maior do que o que previam as pequisas de opinião. O esquerdista radical se opusera duramente às medidas de austeridade impostas pelos credores internacionais. Em agosto, quando os bancos gregos foram fechados e o país se viu prensado contra a parede, ele decidiu mudar de opinião.
Mais de 20 deputados abandonaram a base de Tsipras, muitos deles dizendo que o primeiro-ministro havia traído seus princípios. Em resposta, o político disse que sua posição rígida nas negociações acabou amenizando o golpe da austeridade e persuadindo os credores a concordarem com uma reformulação da dívida grega.
Com exceção do Aurora Dourada e do partido comunista KKE, os principais partidos no novo parlamento concordam com o acordo que mantém a Grécia na zona do euro. “Depois de anos em uma crise quase sem precedentes, a vasta maioria dos gregos está apoiando partidos que prometem manter o país na zona do euro, mesmo que isso implique em completas e dolorosas reformas”, disse Holger Schmieding, economista-chefe do banco Berenberg, da Alemanha.
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(Com Reuters)