Missão da UE devolverá imigrantes a porto de origem, diz secretário francês
A operação no Mediterrâneo busca combater o tráfico ilegal de homens, mulheres e crianças para a Europa
Uma nova operação naval da União Europeia (UE) de luta contra o tráfico ilegal de imigrantes no mar Mediterrâneo planeja devolver as pessoas resgatadas ao porto de onde partiram, informou nesta segunda-feira o secretário de Estado francês para Assuntos Europeus, Harlem Désir. A missão, discutida por um conselho de ministros da UE, também irá estudar o que fazer com os navios apreendidos. De maneira sucinta e ainda sem detalhes, a UE também anunciou hoje a aprovação da operação naval para lutar contra os traficantes de seres humanos que operam no Mediterrâneo. A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, comunicou a decisão no Twitter.
“Evidentemente, primeiro é preciso salvar às pessoas que estão a bordo. Se for necessário, levá-las aos portos de origem em um dia que será definido no plano internacional. O objetivo é desarticular estas redes e não permitir que essas embarcações ponham em perigo a vida dos imigrantes”, afirmou Désir, que participa do conselho formado por ministros das Relações Exteriores e da Defesa que deve dar sinal verde ao estabelecimento da operação.
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O representante francês ressaltou que a UE espera poder intervir mais perto do litoral de partida. “Por isso pedimos um mandato à ONU, para poder atuar em um marco internacional que permita interceptar estas embarcações, incluindo em águas territoriais”. Caso a missão seja estabelecida, também serão necessários navios e outros equipamentos, além de um plano militar específico para que a ação aconteça conforme o planejado. Hoje, os portos da caótica Líbia são os principais pontos de partida de imigrantes ilegais para a Europa.
Federica Mogherini garantiu na semana passada, ao apresentar uma estratégia integral comunitária sobre migração, que as pessoas resgatadas no Mediterrâneo não serão devolvidas antes de ser comprovado que elas têm o direito de receber asilo. De acordo com Désir, a missão europeia também irá estudar o que fazer com os navios interceptados, já que não podem mais ser utilizados, segundo as leis internacionais. “Que sejam neutralizados, por exemplo, destruindo os motores. A autorização que pedimos à ONU é que definirá com precisão as condições nas quais isto poderá ser feito.”, disse.
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Désir afirmou também que a França colocará os equipamentos militares de sua marinha à disposição desta nova operação europeia, enquanto o ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, destacou que seu país já contribui com ativos à crise humana no Mediterrâneo. “Temos que atuar nos países de origem para reduzir os fatores que levam as pessoas a saírem, lidar com as máfias que traficam na Líbia, para parar as pessoas no ponto de onde embarcam, e temos que interceptar em alto-mar”, indicou.
(Da redação)