UE quer acolher 20.000 imigrantes; mas alguns países terão opção de recusar
Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca não aceitam receber refugiados. Pelas regras propostas pela UE, Alemanha, França e Itália ficariam com o maior número de pessoas
O órgão executivo da União Europeia (UE) propôs nesta quarta-feira o acolhimento de 20.000 refugiados ao longo de dois anos e a sua distribuição por toda a Europa, mas dando à Grã-Bretanha, Irlanda e Dinamarca a opção de não aceitar nenhum. Chocada com as mortes de imigrantes do norte de África que tentam chegar à Europa através do Mediterrâneo, a União Europeia está tentando pôr em prática uma forma mais justa de reassentar quem pleiteia asilo num momento em que os partidos anti-imigração estão em ascensão.
A Itália e outros países do sul da Europa estão clamando por ajuda da UE para lidar com o grande fluxo de imigrantes. Mas, enquanto a Itália, Alemanha e Áustria apoiam um sistema de quotas, alguns Estados do bloco se opõem. “Nenhum país deve ser deixado sozinho para enfrentar grandes pressões migratórias”, disse o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em sua conta no Twitter, depois que as propostas foram publicadas.
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Com base em um regime de quotas estabelecido de acordo com a dimensão do país, a produção econômica e outras variáveis, a Alemanha ficaria com a maioria dos imigrantes, seguida pela França e Itália, e com a Grã-Bretanha com a opção de ficar de fora.
Horas antes de os planos serem revelados, a ministra britânica do Interior, Theresa May, criticou a abordagem da UE, dizendo que ao não enviar de volta os imigrantes com motivações econômicas, o bloco os está incentivando a viajar à região em busca de asilo.
Nesta segunda, a chefe da política externa da União Europeia, Federica Mogherini, afirmou em Nova York que refugiados e imigrantes interceptados em alto mar “não serão enviados de volta contra sua vontade”. Federica participou de uma reunião no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para pleitear autorização para a Europa lançar uma operação militar contra os traficantes de seres humanos que operam no Mediterrâneo.
A diplomata disse a repórteres mais tarde que a UE está preparada para adotar algumas medidas antes que o Conselho de Segurança adote qualquer resolução autorizando a operação. Ela não disse que passos seriam esses. Há o temor entre alguns membros do Conselho de Segurança de que imigrantes sejam feridos, enviados de volta ou não recebam permissão para tentar uma vida melhor. “Ninguém está pensando em bombardear barcos com pessoas dentro”, disse Mogherini energicamente.
(Da redação)