Le Pen diz ter vergonha que filha use seu sobrenome
Após ser suspenso pelo partido Frente Nacional, presidido por sua filha Marine, o veterano político de extrema-direita voltou à carga. Ele ainda disse que sua filha deveria se casar
O veterano político da extrema-direita francesa Jean-Marie Le Pen fez nesta terça-feira uma série de ataques contra sua própria filha, Marine Le Pen, atual presidente da Frente Nacional (FN), após ter sido suspenso pelo comitê executivo do partido, em decisão anunciada ontem. “Eu sinto vergonha de que a presidente da Frente Nacional [Marine] tenha meu nome. Gostaria que ela o retirasse mais rápido possível. Ela pode fazer isso se casando com Florian Philippot”, afirmou em entrevista à emissora Europa 1, fazendo referência a um de seus principais opositores dentro da legenda.
Prosseguindo nos ataques contra sua filha, Le Pen disse que ela é um “pouco pior” que os partidos majoritários [o governante Partido Socialista e o conservador opositor UMP] porque “o adversário combate cara a cara”, enquanto ela faz isto “pelas costas”. Jean-Marie ainda acusou a filha de “deslealdade” e “traição”. E afirmou que seria um “escândalo” se alguém com esses princípios morais chegasse à Presidência da França, atacando as pretensões de Marine de concorrer nas eleições de 2017. Marine, até agora, não respondeu aos comentários de seu pai.
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A briga pública entre os Le Pen – algo que o jornal Le Monde já classificou de ‘psicodrama político-familiar’ – vem se arrastando na imprensa francesa há quase um mês e, segundo os analistas, está sendo muito mais destrutiva para a filha do que para o pai. Mesmo sendo o presidente da honra da FN, aos 86 anos Le Pen perdeu sua influência e é um deputado europeu de pouca expressão, com poucas pretensões políticas. Já a sua filha Marine é o principal nome da extrema-direita francesa e vem lutando, com sucesso, para dar uma nova cara ao partido, tornando-o palatável aos eleitores franceses.
Após a suspensão de Jean-Marie como filiado, a FN vai convocar uma assembleia geral extraordinária em um prazo máximo de três meses para discutir o futuro do patriarca do clã Le Pen no partido. Jean-Marie, que afirmou que só a morte cortará suas relações com a filha, acrescentou que não tem nenhuma intenção de se retirar da política, garantindo que lutará para “restabelecer a justiça e a dignidade” na Frente Nacional.
Conhecido por suas provocações e frases antissemitas, Jean-Marie Le Pen repetiu no iníco de abril que as câmaras de gás eram “apenas um detalhe” da II Guerra Mundial, um comentário que já lhe rendeu condenações da Justiça francesa. Não contente, em outra entrevista, ele ainda defendeu as escolhas políticas do marechal Philippe Pétain, chefe do regime de Vichy que colaborou estreitamente com os nazistas durante a ocupação alemã na França. Suas declarações motivaram repreensões públicas de sua filha e censuras da comissão executiva do partido.
(Da redação)
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