Justiça argentina abre mais um processo contra vice-presidente
Amado Boudou agora vai responder por falsificação de documentos envolvendo a compra de um carro nos anos 90
A Justiça da Argentina decidiu abrir nesta sexta-feira mais um processo contra o vice-presidente do país, Amado Boudou. Desta vez, ele vai responder por falsificação de documentos relativos à compra de um automóvel nos anos 90.
A investigação sobre o caso foi aberta em 2009. Nos últimos meses, Boudou chegou a prestar um depoimento sobre o caso, em que culpou os despachantes que cuidaram da transação. Mas o juiz Claudio Bonadio acabou entendendo que Boudou usou um formulário falso e com datas alteradas para transferir para seu nome um veículo Honda CRX Del Sol ano 92. De acordo com o juiz, peritos apontaram irregularidades na documentação apresentada por Boudou à época da transferência.
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Não está claro por que Boudou teria cometido o crime. A Justiça suspeita que ele adiantou propositalmente a data no documento de compra de 1993 para 1992 para não ter que dividir o veículo com sua ex-mulher, registrando assim que a transação teria ocorrido antes do seu casamento. Um dos erros apontados é que na data forjada para a compra – outubro de 1992 -, o veículo nem estava na Argentina: aguardava transporte do Japão para a América Latina.
Além de Boudou, a Justiça decidiu processar Agustina Seguin, uma ex-namorada de Boudou que utilizava o carro à época da tramoia, e María Graciela Taboada de Piñero, a despachante que comandou o processo.
Ao se inteirar do caso, a oposição argentina aproveitou para pedir novamente o afastamento do braço direito de Cristina Kirchner. O vice já estava enrolado na Justiça por causa do chamado “Caso Ciccone”, que em junho resultou na abertura de um processo criminal por suspeita de corrupção contra ele.
Gráfica – Em julho de 2010, em investigação de vantagem comercial indevida, o Fisco argentino pediu à Justiça a quebra do sigilo da gráfica Ciccone, que mantém contratos com o governo e vende papel moeda ao Banco Central argentino. A Justiça suspendeu o pedido três meses mais tarde por solicitação da própria empresa, que negociou um plano de pagamentos de multas à Receita. Uma investigação descobriu que o Ministério da Economia, pasta então ocupada por Amado Boudou, teria pressionado o Fisco para favorecer a empresa.
Depois do episódio, a companhia foi vendida para o fundo de investimentos The Old Fund, presidida por Alejandro Vandenbroele, que é apontado como testa de ferro de Boudou, embora o vínculo tenha sido negado pelo vice-presidente. Amado Boudou deixou a pasta de Economia depois das eleições de 2011 para ocupar a vice-presidência, mas as denúncias ofuscaram sua carreira política e seus planos de suceder Cristina Kirchner na Presidência do país.