Deputados franceses pedem reconhecimento do Estado palestino
Proposta aprovada teve apoio do partido do presidente François Hollande
Deputados franceses aprovaram, nesta terça-feira, uma resolução que pede ao governo do presidente François Hollande que reconheça unilateralmente o Estado palestino, numa tentativa de ressuscitar o processo de paz no Oriente Médio.
O projeto, que foi aprovado por 339 votos a 151, é a mais recente tentativa de parlamentos europeus de pressionar Israel a retornar para a mesa de negociações. Os países do continente vêm se mostrando frustrados com Israel, que desde o fracasso das últimas conversas patrocinadas pelos Estados Unidos, em abril, tenta aprovar a construção de novos assentamentos em territórios que os palestinos desejam para seu Estado.
A decisão francesa ocorre depois de a Suécia se tornar o maior país europeu ocidental a reconhecer oficialmente a Palestina. Os parlamentos de Espanha, Grã-Bretanha e Irlanda realizaram votações nas quais apoiaram resoluções de cumprimento não obrigatório em favor do reconhecimento.
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O governo francês não é obrigado a agir de acordo com a moção parlamentar, que não é vinculativa. Porém, a resolução foi aprovada com o apoio do partido Socialista, de Hollande.
O texto, proposto pelos socialistas e endossado por partidos de esquerda e alguns conservadores, pede ao governo para “usar o reconhecimento de um Estado palestino com o objetivo de resolver o conflito definitivamente”. Nem o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, nem o primeiro-ministro, Manuel Valls, compareceram à votação no Parlamento. O governo já declarou que não se aterá ao resultado, mas já declarou anteriormente que simpatiza com a ideia desde que ela seja condicionada a mais uma tentativa de negociar.
“Não queremos um reconhecimento simbólico que só levará a um Estado virtual”, declarou o secretário de Estado francês dos Assuntos Europeus, Harlem Desir, a legisladores em reação à moção. “Queremos um Estado palestino que seja real, por isso queremos dar uma chance às negociações”. “Fundamentalmente, a França apoia a solução de dois Estados. A França vai, portanto, reconhecer o Estado palestino. A questão em princípio é quando e como”, declarou ao Parlamento Harlem Desir, secretário francês de Estado para Assuntos Europeus, momentos antes da votação.
Em 28 de novembro, Fabius declarou que a França iria reconhecer uma Palestina independente sem um acordo negociado se uma última iniciativa diplomática fracassasse.
Depois da votação, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou o voto francês como “um erro grave”.
(Com agência Reuters e Estadão Conteúdo)