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Após reunião, Colômbia e Farc prometem acordo de paz

Esta é a quarta tentativa do governo colombiano de negociar com a guerrilha

Por Da Redação
18 out 2012, 11h33

O governo colombiano e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) prometeram nesta quinta-feira trabalhar juntos para tentar pôr fim ao último grande conflito armado da América Latina. As duas partes iniciaram oficialmente na quarta-feira as primeiras negociações em 10 anos em Oslo, na Noruega. Apesar da expectativa em torno das conversações, nada garante – muito menos a narcoguerrilha – que esta tentativa não corre o risco de terminar como as anteriores.

A próxima reunião para negociações acontecerá em Havana (Cuba), em 15 de novembro, anunciaram as duas partes, que se disseram comprometidas com a iniciativa. O tema agrário será o primeiro discutido nessas negociações, afirmou o representante de Cuba, lendo uma declaração conjunta. Espera-se que o diálogo dure meses, e com poucas informações divulgadas durante o processo.

Este é o quarto processo de paz que a Colômbia inicia nas últimas três décadas. O último, sob o comando do presidente Andrés Pastrana, terminou em fracasso. As autoridades determinaram o fim do diálogo por considerar que a guerrilha aproveitou a desmilitarização de parte do território colombiano para se reforçar.

O presidente Juan Manuel Santos avisou os narcotraficantes desde o início do processo atual que não haveria cessar-fogo durante as negociações – o que voltou a ser ressaltado pelos negociadores do governo nesta quinta. No último domingo, as Farc dinamitaram duas torres de energia em uma zona rural do departamento colombiano de Norte de Santander, na fronteira com a Venezuela.

O negociador chefe do governo, Humberto de la Calle, rejeitou ainda a solicitação das Farc por uma discussão social ampla. “Não vamos discutir propriedade privada ou reforma econômica”, avisou.

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O anúncio do diálogo com as Farc recebeu críticas do antecessor de Santos, Álvaro Uribe, para quem a negociação dá legitimidade ao grupo terrorista. Em seus dois mandatos, Uribe comandou uma bem-sucedida política de segurança, com o apoio dos Estados Unidos e sempre tratando as Farc e outros grupos como organizações criminosas.

Uribe também sempre criticou Hugo Chávez por fazer vistas grossas à presença de guerrilheiros em território venezuelano. A Venezuela agora acompanha as negociações na condição de observador, assim como o Chile. Os governos de Noruega e Cuba atuam como fiadores das negociações, que começam em Oslo, mas se desenvolverão a partir dos próximos dias a portas fechadas, em Havana.

A delegação do governo liderada pelo ex-vice-presidente Humberto de la Calle (1994-1996) contará também com o sindicalista Luis Carlos Villegas, o ex-diretor da polícia nacional, o general reformado Oscar Naranjo, o ex-comandante das forças militares, o general reformado Jorge Enrique Mora Rangel, o ex-ministro do Meio Ambiente e ex-comissário da paz, Frank Pearl, e o assessor presidencial Sergio Jaramillo.

Do outro lado, o negociador será o ‘número dois’ da guerrilha, Ivan Márquez. Esta semana, as Farc também anunciaram a participação da holandesa Tanja Nijmeijer, que está no grupo há dez anos.

As partes não marcaram prazos para chegar a um acordo, mas o presidente Juan Manuel Santos declarou que as negociações “serão medidas em meses, não em anos”.

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Recentemente foram registradas baixas importantes na narcoguerrilha. Enquanto até 2002 a cúpula das Farc estava praticamente intacta, a guerrilha está cada vez mais acuada militarmente. Depois da morte por causas naturais do líder histórico Manuel Marulanda, em 2008, foram mortos Raúl Reyes, apontado como “chanceler” do grupo, o chefe militar Mono Jojoy e o chefe da guerrilha Alfonso Cano.

Resta saber se as autoridades colombianas conseguirão aproveitar um momento de enfraquecimento do grupo para alcançar a paz de fato ou se a guerrilha sairá fortalecida do processo – sem interromper a prática de sequestros, tráfico de drogas e extorsão.

Histórico – As tentativas anteriores de negociação foram colocadas em prática entre 1984 e 1987, com o ex-presidente Belisario Betancur; entre 1991 e 1992, com o ex-presidente César Gaviria; e entre 1999 e 2002, com Andrés Pastrana. As Farc, que chegaram a ter até 20.000 guerrilheiros nos anos 1990, sofreram na última década uma intensa ofensiva das forças militares colombianas, com a ajuda dos Estados Unidos.

Três de seus mais importantes chefes morreram em bombardeios da força aérea: Raúl Reyes, em 2008; Jorge Briceño (Mono Jojoy), em 2010; e Alfonso Cano, em 2011. Atualmente o grupo conta com cerca de 9.200 integrantes confinados às zonas rurais mais afastadas do país. Em novembro de 2011, com a morte de Cano, o comando supremo das Farc foi assumido por Timoleón Jiménez (Timochenko), de 53 anos, 33 deles nas fileiras guerrilheiras.

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