Chefe das Farc confirma diálogo com governo colombiano
Esta é a primeira declaração do grupo após o anúncio do presidente Juan Manuel Santos sobre ‘conversações exploratórias’
Rodrigo Londoño Echeverry, mais conhecido como Timoshenko, um dos chefes do grupo guerrilheiro Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), confirmou nesta segunda-feira que estão sendo promovidos diálogos com o governo do presidente Juan Manuel Santos em busca de um acordo de paz. “Chegamos à mesa de negociações sem rancores nem arrogâncias”, afirmou, por meio de um vídeo que foi retransmitido pela rádio colombiana Caracol.
Esta é a primeira declaração das Farc depois do anúncio, em 27 de agosto, do presidente Santos de que seu governo realizou “conversações exploratórias” com a organização, com o objetivo de “buscar o fim do conflito” armado que tem quase 50 anos de duração.
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A mensagem, com o título “Vídeo pela Paz”, também mostra um grupo de jovens guerrilheiros cantando uma música a favor do diálogo e criticando Santos. Ele é classificado como “pedante” e “burguês”.
Veja o vídeo divulgado hoje pelas Farc:
“Estou indo para Havana, desta vez para conversar com o burguês que nos procurava e não conseguiu nos derrotar. Eu vou para Havana, desta vez conversar com aquele que me acusava de mentir sobre a paz. Eu vou para Havana, saibam com que emoção eu vou conversar sobre o destino da minha nação”, diz parte da letra.
A canção também critica o Brasil, por facilitar a logística nas últimas operações de libertação de civis e militares que as Farc mantinham como reféns. A música ainda questiona o governo de Dilma Rousseff por ter vendido à Colômbia aviões que foram utilizados em ações contra as Farc. A canção também fala mal dos Estados Unidos, por interferir em assuntos colombianos.
Versão oficial – Santos, por sua vez, afirmou nesta segunda-feira, que “todas as guerras sempre terminam com um tipo de acordo de diálogo” e que, por este motivo, o seu governo deseja acabar com conflito através de um acordo e de um diálogo, “sem que voltemos a repetir os erros do passado”. O presidente colombiano ainda reiterou que, enquanto o diálogo prossegue, o governo manterá as operações militares em todos o país e que mais detalhes sobre o processo de negociações serão divulgados ao longo da semana.
Histórico – Santos confirmou o início das negociações de paz com os terroristas na semana passada. O primeiro encontro está marcado para outubro, em Oslo. Depois, deve haver uma segunda rodada de encontros em Havana. É a primeira vez que o governo colombiano abre negociações formais com as Farc desde o fim da gestão do presidente Andrés Pastrana, de 1998 a 2002. Desde os anos 1980, as Farc tentaram em três ocasiões negociar a paz com os sucessivos governos da Colômbia, sem chegar a um acordo.
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(Com Agência France-Presse e EFE)