Amanda Knox é condenada – de novo – por matar colega
Tribunal de Florença sentenciou estudante americana a 28 anos e seis meses de prisão pelo assassinato de Meredith Kercher, em 2007. Ainda cabe recurso
A estudante americana Amanda Knox foi condenada nesta quinta-feira a 28 anos e seis meses de prisão pela morte da britânica Meredith Kercher, em 2007. À época, as duas dividiam um apartamento na cidade de Perugia. O ex-namorado de Amanda, Raffaele Sollecito, foi condenado a 25 anos. Esta é a terceira vez que o casal é julgado pelo crime. Os dois foram condenados em 2009 e absolvidos em 2011. Esta decisão, porém, foi anulada pela Suprema Corte italiana, que ordenou a reabertura do caso.
“Estou assustada e triste com esse veredicto injusto”, disse Amanda, em comunicado. “Depois de ter sido inocentada, eu esperava algo melhor do sistema de Justiça italiano. As provas e a teoria acusatória não sustentam um veredito de culpa sem margem de dúvida. Sempre houve uma marca de falta de provas”.
O juiz ordenou que Sollecito deve entregar seu passaporte. A americana, que voltou para Seattle, nos Estados Unidos, depois de ser absolvida, recusou-se a comparecer ao julgamento em Florença. Como ainda cabe recurso da decisão, o caso pode se arrastar por meses. E também pode resultar em uma briga entre Itália e Estados Unidos em torno de uma possível extradição de Amanda.
Tanto Amanda como Sollecito declararam inocência. A sentença anunciada nesta quinta-feira reverte a apelação bem-sucedida do casal, que foi colocado em liberdade em 2011 depois de passar quatro anos na prisão.
O tribunal de Florença deliberou durante doze horas nesta quinta antes de anunciar o veredicto – a leitura foi acompanhada no tribunal pelo irmão de Meredith, Lyle, e pela irmã, Stephani. Porém, como ocorre normalmente na Itália, não foram dadas explicações sobre a decisão. A corte tem noventa dias para publicar os argumentos do júri. Depois da publicação, os advogados terão noventa dias para apresentar recursos.
“É difícil sentir algo neste momento porque sabemos que haverá recurso da defesa, o que vai estender o processo até o ano que vem. Seja qual for o veredicto, isso nunca vai ser motivo de celebração para nós”, disse Lyle, em declaração reproduzida pelo jornal The Telegraph.
O advogado de Sollecito, Luca Maori, disse que seu cliente estava “aniquilado”. “Estamos surpresos porque é a primeira vez que alguém é condenado quando há provas que dizem o contrário. No entanto, é apenas um passo neste caso”, afirmou, segundo o diário italiano Corriere della Sera.
‘Fugitiva’ – Em entrevista ao jornal britânico The Guardian nos dias que antecederam o veredicto, Amanda reafirmou que não pretende voltar à Itália. “Eu serei tecnicamente considerada uma fugitiva. Eu definitivamente não vou voltar à Itália por minha vontade. Eles terão de me capturar e me colocar aos chutes em uma prisão na qual eu não mereço estar. Eu vou lutar pela minha inocência”.
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É pouco provável que Amanda volte à Itália para cumprir a nova sentença porque a lei americana determina que uma pessoa não pode ser julgada duas vezes sob a mesma acusação, informou um especialista à rede CNN. Quando a reabertura do caso foi anunciada, a rede BBC informou que o novo julgamento representaria, tecnicamente, uma continuação do original, o que afastaria a possibilidade de “dupla condenação”.