Rebeldes enfrentam forte resistência em Bani Walid
Tropas do novo regime avançam sobre Sirte, cidade-natal de Kadafi
Os combatentes do novo regime na Líbia enfrentam uma forte resistência perto de Bani Walid por parte das tropas fiéis a Muamar Kadafi, enquanto mais de 30 membros do antigo regime – incluindo um filho do coronel – estão refugiados no Níger.
Entenda o caso
- • A revolta teve início no dia 15 de fevereiro, quando 2.000 pessoas organizaram um protesto em Bengasi, cidade que viria a se tornar reduto da oposição.
- • No dia 27 de março, a Otan passa a controlar as operações no país, servindo de apoio às tropas insurgentes no confronto com as forças de segurança do ditador, que está no poder há 42 anos.
- • Após conquistar outras cidades estratégicas, de leste a oeste do país, os rebeldes conseguem tomar Trípoli, em 21 de agosto, e, dois dias depois, festejam a invasão ao quartel-general de Kadafi.
- • A caçada pelo coronel continua. Logo após ele divulgar uma mensagem em que diz que resistirá ‘até a vitória ou a morte’, os rebeldes ofereceram uma recompensa para quem o capturar – vivo ou morto.
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Quase dois dias após o fim do prazo estabelecido às forças pró-Kadafi para a rendição, as tropas do Conselho Nacional de Transição (CNT) não lançaram nenhuma grande ofensiva, mas houve combates no domingo em Bani Walid (170 quilômetros a sudeste de Trípoli). No posto médico de Uichtata, um povoado próximo, havia três mortos. Um cirurgião de um hospital de campanha próximo disse ter recebido 10 mortos e 20 feridos.
“Bani Walid está cheia de armas, estão em cada casa. Há francoatiradores por toda parte que nos impedem de avançar”, relatou um combatente, que também apontou atitudes de “traição” de “pessoas que fingem estar com os revolucionários, mas que, de fato, estão com Kadafi”.
No domingo, uma rádio partidária do coronel convocou os moradores de Bani Walid à resistência, transmitindo mensagens de maneira contínua. “Eles vêm para nos matar. Querem expandir a corrupção e a destruição. Ataquem agora que estão armados, não há desculpa possível. É a hora da guerra santa”.
Sirte – Em outra frente, centenas de combatentes armados que chegaram a bordo de 200 caminhonetes de Misrata começaram a avançar para Sirte, cidade-natal de Kadafi a 370 quilômetros de Trípoli. Segundo um comandante, no entanto, não haverá grande ofensiva antes de uma semana.
Após o fracasso das negociações para uma rendição pacífica dos bastiões pró-Kadafi, como Bani Walid, Sirte e Sebha (centro), o presidente do CNT, Mustafa Abdul Jalil, autorizou no sábado os combatentes a lançar a ofensiva quando considerassem oportuno. Ele também convocou os rebeldes a se unirem “para libertar as cidades”, um dia depois da morte de doze pessoas em confrontos no sábado a sudoeste de Trípoli.
O número dois do CNT, Mahmud Jibril, anunciou no domingo a formação de um governo de transição “em uma semana ou dez dias” para administrar o país. Os bancos líbios concordaram em retirar de circulação as notas de 50 dinares (40 dólares) com o retrato do coronel.
Família – Apesar da resistência dos partidários do tirano, boa parte das autoridades do antigo regime já fugiram para o Níger, incluindo o filho do coronel, Saadi Kadafi, ex-jogador de futebol que também liderava uma unidade de elite do Exército. Outros dois dos oito filhos de Kadafi – Hannibal e Mohammed – sua filha Aicha e sua esposa Safiya fugiram para a Argélia. Seus outros dois filhos, Seif al-Arab e Khamis, teriam morrido, mas um dos mais influentes, Seif Al-Islam, permanece com paradeiro desconhecido, bem como seu pai.
Países vizinhos
Níger faz fronteira com a região sul da Líbia, no continente africano.
O país, onde 90% da população pratica o islamismo, tem mais de 10 milhões de habitantes – a grande maioria deles vivendo em áreas rurais.
A capital é Niamei.
A língua oficial é o francês.
(Com agência France-Presse)